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ENTERRO PREMATURO

 


Escrito por ALLAN FEAR

 

CAPÍTULO 1

 

Morgan acordou naquele dia com o corpo paralisado. Não podia se mexer. Tentou de tudo para se mover, mas tanto os braços quanto as pernas estavam enrijecidos. Não podia abrir os olhos ou gritar. A paralisia era total. O desespero tomava conta de todo seu ser.

De repente um arrepio começou a percorrer seu corpo, provocando um horror inumano. Morgan sentia sua alma ser arrancada de seu corpo. Era uma sensação intensa, poderosa, que provocava não uma dor, mas uma terrível sensação de estar morrendo, uma aflição assombrosa.

Pobre Morgan, em instantes foi tragado por uma escuridão interminável e tudo ficou escuro, ele perdeu sua consciência.

 

 

CAPÍTULO 2

 

Algum tempo depois Morgan abriu os olhos e se deparou em um cemitério, viu com assombro um caixão, onde lá dentro jazia seu corpo.

Morgan começou a gritar, desesperado, em sua nova condição, separado de seu corpo. Ele tentava chamar a atenção dos parentes que velavam tristemente seu cadáver, mas ninguém parecia escutá-lo. Seus berros não lhes causavam nenhuma impressão.

Então Morgan viu, sentindo um pavor incontrolável assolar seu ser, homens fecharem o caixão e depositá-lo no túmulo, para em seguida começarem a cobri-lo de terra.

Morgan gritava, tentando impedi-los, mas ele era como uma fumaça que transpassava os braços dos homens sem poder tocá-los para impedir que sepultassem seu corpo.

Então que Morgan viu um casal, vestindo roupas brancas se aproximar, estendendo-lhe as mãos, convidando-o para acompanhá-los. O casal de aparência amigável dizia que ele precisava ir com eles, para um lugar melhor.

Mas Morgan lhes cuspiu maldições, depois os ignorou e voltou sua atenção para o caixão onde seu cadáver repousava, suplicando para que pudesse voltar. Desejava ardentemente acordar, dizer que estava vivo, para não o enterrarem.

Então Morgan sentiu uma força puxá-lo para o caixão, como se um poderoso imã o atraísse e tudo ficou escuro novamente.

Trevas. Morgan, não via nem sentia nada, era apenas as trevas de novo, engolindo e sufocando-o com sua tenebrosa aflição.

 

 

CAPÍTULO 3

 

Depois de um tempo que Morgan não poderia calcular, ele despertou, novamente em seu corpo, mas este continuava paralisado.

Morgan podia sentir o cheiro do formol dentro de seu corpo, sentia também o odor da madeira do caixão e da terra molhada jogada sobre ele.

Ele não conseguia se mover, a paralisia era intensa. Ele berrava em sua mente, chorava sem que dos olhos lhe escorressem lágrimas. Lamentava-se, cuspindo maldições silenciosas.

Mas então, depois de algum tempo naquela perturbação, Morgan sentiu-se levitar, saindo do caixão, sendo puxado por uma força invisível. Ele flutuou até escapar do túmulo transpassando a tampa do caixão e a terra.

Morgan olhou ao redor, dando-se conta de que já era noite. Uma lua cheia pairava baixa nos céus.

Para seu mais completo horror inúmeros seres estranhos, com roupas antigas, faces cadavéricas que exibiam seus ossos amarelados se aglomeraram à sua volta. Gemendo e exalando um terrível sofrimento, os mortos formaram uma ciranda à sua volta, fitando-o com olhares tristes de cavidades opacas.

Em seus lamentos depressivos e tenebrosos, as inúmeras almas dos mortos saudavam Morgan, dando-lhe as boas-vindas por ter se recusado a ir com os seres de branco para ficar com eles em sua nova morada de além-túmulo. Juntos até que a decadência da putrefação os separe e que a densa escuridão umbralina os consuma com suas trevas famintas.

Não foi o diabo ou um suposto Deus vingativo que sentenciou o destino horrendo de Morgan, mas sim seu apego a vida material e ao corpo físico que nada mais era que uma vestimenta temporária para seu espírito. Ao recusar o resgate, o pobre e infeliz estará fadado a compartilhar a triste e decadente morada de seus despojos mortais: o cemitério.  












 

 

 

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