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O JANTAR


Escrito por ALLAN FEAR

 

 

CAPÍTULO 1

A família estava reunida à mesa para o jantar à luz de velas. Era uma grande família que completava quase todas as cadeiras daquela mesa rústica de madeira escura como a noite.

            O grande e corpulento mordomo trouxe as tigelas contendo as refeições e todos pareciam famintos a medida que saboreavam as taças de vinho.

            Do lado de fora da grande mansão estava Frederick, à espreita pela janela da sala. Observando em silêncio em meio as sombras com o capuz de sua jaqueta escura sobre a cabeça.

            O rapaz sabia que teria ao menos 30 minutos enquanto a família rica jantava. Seria tempo suficiente para ele entrar sem ser notado e cometer um pequeno furto.

            Frederick observou por mais um ou dois minutos até se certificar de que o mordomo iria permanecer ao lado da mesa, servindo seus patrões.

            Frederick estava feliz por ter achado a casa certa para furtar, afinal, naquele lar se preservavam os bons costumes da família toda se reunir na hora do jantar.

            Tendo a grande lua cheia como testemunha silenciosa, Frederick, que já havia pulado o pequeno portão da residência, foi para os fundos e escalou o muro para o segundo andar, encontrou uma janela aberta e adentrou o aposento submerso em trevas.

            Era um quarto de mulher de estilo vitoriano com cortina vermelha e cama com dossel. O gatuno foi para o antigo closet e não demorou em achar uma caixa com joias.

            Deixando a caixa vazia e seus bolsos mais pesados com todas aquelas joias brilhantes, Frederick se voltou para a janela quando sentiu uma mão ossuda apertar-lhe dolorosamente seu ombro.


CAPÍTULO 2

 

            -Ai! – Gemeu o assustado meliante se voltando para encarar o corpulento mordomo de olhar sombrio.

            -Me acompanhe por favor! – Sussurrou o mordomo numa voz profunda, de timbre estranho.

            Frederick tentou resistir, mas o aperto no ombro estava doendo, o mordomo não parecia fazer força, mas estava quase quebrando sua clavícula, fazendo todo seu corpo se inclinar à medida que era conduzido escada abaixo.

                Gemendo a cada degrau, Frederick, sem conseguir articula palavras que formulassem alguma desculpa esfarrapada, foi, por fim, colocado sentado em uma cadeira junto a grande mesa.

            Os membros da família voltaram seus olhares frios para Frederick, que só então reparou que todos estavam vestidos de preto e tinham suas faces pálidas e fantasmagóricas sob a luz das velas.

            -Seja bem-vindo à nossa humilde morada! – Falou um homem de olhos muito negros e cabelo penteado para trás. –Você é nosso convidado especial para o jantar!

 


CAPÍTULO 3

 

            -Olha cara, eu sinto muito, eu não queria invadir sua casa, eu... – Gaguejou Frederick confuso enquanto massageava o ombro dolorido e tentava pensar no que dizer. –Por favor! Não chamem os tiras, eu não roubei nada!

            -Não se preocupe. – Sussurrou uma bela moça de cabelos vermelhos que estava sentada ao seu lado e exalava um profundo perfume de rosas. –Papai não gosta dos tiras.

            Frederick estava confuso, olhava de relance para os lados e sabia que a janela da sala por onde os havia espiado continuava entreaberta, poderia correr e escapar por ela, mas conseguiria ser mais rápido do que o mordomo parado às suas costas?

            -Sirva nosso convidado Sr. Baunner. – Disse uma elegante mulher que estava ao lado do home de cabelos penteados para trás. –Ele deve estar com sede.

            O mordomo obedeceu de imediato e serviu um copo de vinho para Frederick.

            -Beba – Rugiu o mordomo em seu ouvido de forma discreta.

            -Colé galera, o que tá pegando aqui hein? – Indagou Frederick afastando a cadeira da mesa, mas foi amparado pelas grandes mãos do mordomo que o fez voltar a posição original.

            Todos à mesa estavam olhando profundamente para Frederick e havia um brilho estranho em seus olhos. Era como se fosse um fascínio diabólico.

            Um arrepio gélido percorreu as costas de Frederick quando ele sentiu as mãos do mordomo repousar pesadamente sobre seus ombros.

            -Beba, ou farei seus ossos se partirem como palitos de dente. – Sussurrou ameaçadoramente o mordomo no ouvido de Frederick, fazendo-o sentir seu hálito de coisa podre.

            O pobre homem sentiu medo ao pegar, com seus dedos trêmulos, a frágil taça cujo cristal estava frio como um túmulo. Ele a levou aos lábios e deu uma golada no vinho.

            -Mas o quê...? – Frederick cuspiu o líquido vermelho sobre os pratos na mesa enquanto sentia seu estômago revirar. –Isso é sangue?!

 


CAPÍTULO 4

            -Sim, meu jovem. – Falou um homem velho de voz pastosa e olhar triste. –Sangue frio que já vem engarrafado. É horrível! Não acha?

            -Temos bebido essa porcaria por anos, respeitando as leis do acordo mundial desse século nutela. – Falou a moça ao lado de Frederick, -É sangue de animal, acredita?

            -Seus dementes! – Gritou Frederick dando uma gingada para o lado e escapando das mãos do mordomo. Rolou no chão sobre o carpete aveludado e tentou correr, mas ficou espantado quando viu os membros da família saltarem sobre a mesa, derrubarem cadeiras e cercarem-no com seus olhos faiscando e suas bocas abertas com presas afiadas crescendo assustadoramente.

            -Somos vampiros! – Disse um rapaz de longos cabelos negros e olhos vermelhos. – Respeitamos as leis, não podemos caçar, mas quando a refeição invade nosso covil com más intenções, prevalece a lei do mais forte.

 


CAPÍTULO 5

            -Nãããããoooooo!!! – O grito de horror escapou como um trovão da garganta de Frederick quando ele tentou fugir daquele bando faminto de vampiros.

            As criaturas da noite, famintas, rasgaram as roupas de Frederick, fazendo as joias furtadas se espalharem pelo chão e em seguida, derrubaram-no e afundaram suas presas naquela carne macia e suculenta a medida que ele se debatia.

Os vampiros mais exigentes morderam o pescoço de Frederick e sorveram avidamente o néctar vermelho que pulsava em suas veias. Os demais vampiros morderam as demais partes do corpo em uma busca alucinada por veias.

Enquanto era estripado por tantas presas afiadas e sentia seu sangue ser sugado vorazmente, a visão de Frederick ficava turva e seus sentidos começavam a desaparecer em meio aquele pulsar de dor lancinante. Ele jamais imaginou que se tornaria o jantar daquela estranha família.










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