Escrito por ALLAN FEAR
Era uma sexta-feira 13, de manhã
fria cujo azul do céu era escondido por nuvens cinzentas que anunciavam uma
tempestade e criava um clima sombrio e melancolicamente triste quando Bruce
chegou ao velório de sua noiva Kelly.
Naquele triste velório jazia o
caixão com o corpo de Kelly, que usava um longo vestido branco que lhe cobria
até os pés, seu rosto pálido, tinha uma expressão tão triste e solitária.
Enquanto lágrimas eram derramadas
por aquelas pessoas que ali estavam, Bruce se aproximara do caixão e fitava
tristemente o corpo sem vida de sua amada.
Naquele momento ele se lembrara
dos momentos felizes que tivera com sua amada noiva, e a cada lembrança um
sofrimento se abatia sobre ele.
Uma pergunta não lhe saía da
cabeça -Por que Kelly, você morreu assim tão jovem? Íamos nos casar dentro de
alguns dias!
A emoção enfim tomara conta do
rapaz, fazendo escorrer lágrimas de tristeza por sua face tensa e pálida.
Mas algo extraordinário o
surpreendeu, Bruce pôde sentir a presença de sua amada Kelly ao seu lado
esquerdo.
Quando se virou ele sentiu seus
olhos se encherem de emoção, pois ele agora via sua amada Kelly de pé à sua
frente.
Kelly usava um longo vestido
branco, e os longos cabelos loiros estavam soltos, mas em volta do seu corpo
jazia uma aura branca, que a envolvia completamente.
Mas ninguém ali parecia
enxergá-la, apenas Bruce.
Então colocando a mão esquerda
sobre o ombro de Bruce, ela disse sem ao menos abrir a boca: -Bruce meu amor,
mesmo que agora eu não esteja mais entre vós, os vivos, eu sempre estarei ao
seu lado para protegê-lo!
Era como se sua voz ecoasse,
vindo de toda parte.
Bruce
sem dizer palavra alguma olhava profundamente nos olhos de sua amada, que agora
lhe aparecia em espírito de luz.
Mas então Bruce viu os olhos de Kelly serem tomados pelo
terror, e ao se virar sorrateiramente, Bruce viu o que causara o terror em
Kelly, uma sombra que se emergia do chão.
Bruce foi tomado por um silêncio
profundo, que lhe invadiu os ouvidos, e por fim articulando algumas palavras
surdas, ele indagou da sombra qual era seu nome e morada.
E a sombra respondeu-lhe: -Eu sou a sombra da morte! Minha morada
fica perto das catacumbas, junto daquelas sombrias planícies de Minus, que bordejam
o canal sujo de Caronte!
Aquele timbre de voz da sombra
ecoou sobre todos ali presentes, como milhares de vozes.
Mesmo horrorizado, Bruce fez sua
última pergunta, enquanto ainda conseguia proferir alguma palavra:
-O
que queres aqui, ó sombra da morte?
-Venho a este triste lugar para buscar o que
me pertence, que é a alma de Kelly, que ainda se faz presente aqui, onde não
mais é o seu mundo!
- Respondeu-lhe a sombra, enquanto puxava a alma de Kelly, e logo desapareceram
pelo chão abaixo, como se houvesse ali um profundo buraco negro.
Ao olhar ao seu redor, Bruce viu as
cinco pessoas que ali presentes, como ele, estavam completamente horrorizadas,
trêmulas, espavoridas.
Então Bruce percebera que não
fora só ele a ver a sombra da morte, mas sim todos ali presentes.
“Não era sonho, nem
alucinação! A sombra da morte realmente
veio das trevas para buscar a alma de Kelly, que veio tentar me consolar neste
momento fúnebre. ” o pensamento invadiu a mente de Bruce.
Então virando-se vagarosamente
para o caixão, Bruce pôde ver que o corpo de Kelly que ali repousava, tinha
lágrimas de sangue escorrendo por sua triste face.
Mas
então o terror se apossou em cada um ali presente, quando viram a sombra da
morte emergir-se novamente do chão enquanto que, sofrendo de um ataque cardíaco
fulminante, o corpo de Bruce tombava sobre o caixão de sua amada.
A sombra da morte voltara dos
abismos para buscar mais um que ali não mais pertencia ao mundo dos vivos.
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