Escrito por ALLAN FEAR




CAPÍTULO 1



Quando se vive um amor puro e verdadeiro, você acredita que nada possa acabar com esse amor. Mas na vida, há coisas tão terríveis, que são capazes de destruir não apenas o amor dos homens, mas qualquer tipo de sentimento, por mais forte e verdadeiro que ele possa ser.”
            Sou Molly, e estaria mentindo se dissesse que sou uma garota normal como qualquer uma de minha idade, 18 anos.
            Sempre vivi afastada dos garotos e, posso dizer abertamente, que nunca me relacionava com eles. Apenas mantinha uma amizade próxima com minhas amigas.
            Mas certa noite me aconteceu o que eu mais temia. Era uma noite feliz em que todos comemoravam o Halloween, 31 de outubro de 1978. Eu estava na festa de uma de minhas amigas e apesar de ser Halloween, ninguém ali usava fantasias. Usamos máscaras apenas para entrar na residência depois todos as jogaram sobre uma mesa.
            Na festa tinha apenas jovens entre 17 e 19 anos, e ninguém se interessava em usar máscaras. Apenas algumas cabeças de abóboras com velas acesas dentro, decoravam a festa no estilo Halloween, e um cartaz na porta dizia “Feliz dia de Halloween”. A azaração era o foco principal da festa.
            Entre os vários garotos na festa, eu acabei me distraindo com um deles. Era um garoto que eu nunca tinha visto antes, ele era lindo, com um rosto expressivo, um sorriso encantador, longos cabelos loiros lisos e os mais belos olhos azuis que eu já vira.
            Seus lindos olhos azuis faiscantes não paravam um só minuto de me fitarem.
Era um olhar penetrante, envolvente, cheio de desejo e um brilho intenso como de uma estrela cadente.
            Por alguns momentos havia me esquecido de quem eu era, enquanto o paquerava com olhares doces.
            De repente, quando voltei a mim, parando de me distrair com aqueles olhares, senti todo meu corpo se estremecer, algo perturbador se apossou de minha mente. Algo inumano.
           

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CAPÍTULO 2




Naquele instante caí na real e parei de imediato de dar bola para aquele garoto. Saí de dentro da casa indo até a varanda, onde fiquei a contemplar o céu, enquanto um leve soprar de vento me envolveu e com ele uma tristeza depressiva se apoderou do meu corpo e alma.
            Foi então que estremeci. Senti uma presença atrás de mim e quando me virei vi aquele garoto de olhos azuis, parado, me fitando.
            De repente um sorriso veio a iluminar seu belo rosto, ele se apresentou, dizendo seu nome: Mike!
            Também me apresentei para ele, dizendo meu nome.  Quando ele veio tocar minha mão, senti o meu corpo se estremecer em arrepios.
            Conversamos durante um tempo e ele não mais se conteve. Aproximou-se de meu rosto para me beijar, quase não resisti, mas não podia permitir aquilo. Eu não era o que ele pensava que fosse. Se ele soubesse o que sou, certamente nunca teria coragem de me beijar e por certo me desprezaria.
            Afastei-me dele imediatamente dizendo que não me sentia bem e que precisava ir ao banheiro. Meus olhos se enchiam de lágrimas, não tinha dúvidas, meu coração batia mais forte quando ao menos olhava para Mike. Mas eu sabia que esse amor não seria possível.
            Sozinha no banheiro comecei a chorar pra valer. Posso dizer que cada gota de lágrima que escorria de meus olhos, doía como uma agulha perfurando meu coração.
            Pouco depois ouvi baterem na porta do banheiro. Quando a abri, vi que se tratava de uma amiga.
            Elisa era de todas as garotas a minha melhor amiga e me chamou para me falar de Mike, ela disse o quanto ele falou de mim para ela.
            O garoto parecia estar apaixonado por mim. Mas resisti e disse que não estava me sentindo bem e decidi ir embora daquela festa.
            Quando saí da festa, andando pela rua, ouvi uma voz chamar-me pelo meu nome, virei-me surpresa e vi Mike que corria ao meu encontro.
            Fiquei toda arrepiada, pois seus lindos olhos azuis brilhavam, ainda mais intensamente, um brilho de sedução, de desejo. Sim, o brilho de seus olhos não me enganava, ele me desejava.
            -Ei!!! Molly! Não é justo você ir embora assim! Eu, mais que tudo no mundo, desejo ficar com você, por favor, me dê uma chance. – Disse ele segurando minhas mãos e olhando em meus olhos.
            Parecia tudo tão irreal, seu rosto tão fofo, o peito arfando, a boca meio aberta. Gotas de suor lhe escorrendo da testa pela corrida para me alcançar. O brilho de seus lindos olhos azuis parecia suplicar por uma chance minha. Suas mãos quentes envolvendo as minhas.     
            Era demais para eu resistir e então ele me beijou.
            Era a primeira vez que sentia os lábios de um garoto tocarem os meus. Sua língua entrando em minha boca com gosto de menta.  Sua barba de um dia roçando em minha pele.  
            Nos abraçamos e naquele momento senti algo mágico. Era uma coisa única para mim, um momento tão doce.
            Meu corpo se arrepiava da cabeça aos pés, deixando nossos corpos cada vez mais colados. Nossos braços se entrelaçando.
             Sensações de desejos incendiavam meu corpo. Ele começou a me acariciar, tocando suavemente todo meu corpo. Suas mãos subiam e desciam me deixando arrepiada, trêmula e toda molhada. Um desejo louco, ardente, me envolvia.
            Mike, assim como eu, estava louco de tesão. Suas carícias eram tão carinhosas, doces e ao mesmo tempo selvagens.
            Nós estávamos parados em baixo de uma enorme árvore, a rua estava deserta, as sombras nos envolviam.
            Já era noite, umas oito horas, e o céu nublado anunciava chuva.
            Com todo aquele fogo de amor e desejo que nos possuíam, Mike desabotoou os botões de minha calça, tentando abaixá-la.
            Não havia dúvida sobre suas intenções, muito menos quanto as minhas.
            Eu queria fazer amor com ele ali mesmo, mas sabia que não podia.
            Ele se espantaria se soubesse o meu maldito segredo.
            De repente começou a chover. Pedi para Mike parar. Não por causa da chuva é claro, mas porque estávamos indo longe demais.
            Tanto quanto ele, eu desejava ir até o final, mas nem sempre querer é poder.     
Principalmente para uma garota como eu, uma abominação. Algo que todos os dias me atormentava, transformando meus sonhos e minha vida em pesadelos.
            Olhei por alguns segundos nos olhos de Mike e meus olhos se encheram de lágrimas, dei-lhe um beijo e disse que o amava. Mas que nosso amor era impossível.
            Comecei a correr pela rua, me afastando cada vez mais de Mike, que por sua vez ficou parado debaixo daquela árvore, totalmente confuso.
Eu corria o mais rápido que podia. A fria e pesada chuva me molhava, caindo pesadamente sobre o meu rosto.
            Eu corria como se pudesse fugir daquele mundo que eu tanto desejava. Aquele mundo de pessoas normais. O mundo de pessoas que se amam.
            Aquele não seria um mundo pra mim. Aberrações devem ficar nas sombras. Lá é seu lugar, nas sombras, sozinha.
            Mike ficaria horrorizado se descobrisse o que eu era de verdade.     



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CAPÍTULO 3




Por fim cheguei em minha casa. Não tinha ninguém, meus pais só chegariam mais tarde.
            Andei até a cozinha para tomar um copo d’água e não pude deixar de ver uma enorme e afiada faca sobre a pia. Ela brilhava com a luz dos raios que desciam dos céus lá fora.
            Olhei para a grande faca de açougueiro por alguns segundos e em seguida a peguei, perdida em pensamentos sinistros que fluíam pela alcova de meu cérebro.
            Fui para meu quarto e despi-me, tirando minha calça e minha calcinha, permanecendo apenas com uma blusa toda molhada.
            Olhei para o grande espelho que havia no meu quarto e me enfureci.
            O que havia em mim era abominável.
            Se Mike me visse nua, me desprezaria, mas não poderia culpá-lo por isso.
            O meu maldito segredo era apenas compartilhado com meus pais e Elisa, minha melhor amiga.
            Apenas eles sabiam que eu era hermafrodita. Uma garota linda, mas com dois órgãos sexuais, um masculino em cima e um feminino embaixo.
            Aquele maldito pênis acima de minha vagina me constrangia, não me permitia ter uma vida normal como a de qualquer outra garota.
            Naquele momento um ódio terrível começou a crescer dentro de mim.
            O que mais me doía, era que minha família não tinha condições financeiras para me pagarem uma operação para retirar aquele pênis. Já fazia muito tempo que meus pais aguardavam, naquela pequena e miserável cidade, uma oportunidade de fazer a operação na capital. Mas isso poderia levar muitos anos ainda.  
            Naquele momento eu queria ser livre, ser uma garota normal e poder namorar Mike, sem decepcioná-lo. Sem aterrorizá-lo com aquela monstruosidade.
            Possuída por um ódio que começou a crescer mais e mais dentro de mim, tomei coragem e uma decisão definitiva.
            Eu tinha um dilema, rasgava minha garganta e me livrava desta vida de uma vez por todas ou cortava aquele maldito pênis que não me pertencia e esperava para ver o que aconteceria.  
                       


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CAPÍTULO 4




Eu coloquei a faca em meu pescoço, sentindo sua lâmina fria mordiscar minha pele. Um filete de sangue vermelho desceu por meu pescoço.
            Eu estava perto. Muito perto de pôr um fim naquele pesadelo.
            Eu havia pensado tanto naquilo. Em minha garganta cortada, com uma cachoeira de sangue esguichando, então meu corpo caindo pesadamente no chão.
            Por vezes havia pegado a faca, mas pensava em meus pais, chegando em casa e vendo a filha morta. Minha pobre mãe ficaria tão decepcionada...
            Mas eu estava farta de ser uma aberração. De não poder tomar banho com outras garotas no vestiário do colégio, de não poder ir a piscina, de não poder transar com um garoto. De não ter uma vida!
            Segurando aquela enorme e afiada faca com minha mão trêmula, estiquei aquele maldito pênis, fechei os olhos, desci a lâmina e num rápido golpe o decepei, arrancando-o de mim.
            Um gemido animalesco de dor saiu de minha garganta, ecoando por toda a casa.



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CAPÍTULO 5





Muito sangue começou a jorrar de meu corpo. O sangue vermelho brilhante esguichava molhando todo o quarto.
            Atirei aquela coisa maldita para o chão, então ouvi o telefone tocar. O atendi.  Era Mike. Ele estava preocupado comigo. Perguntou por que eu saí correndo daquele jeito e o que estava acontecendo comigo.
            Com minha voz trêmula, minha respiração ofegante e um choro baixinho, gemendo de dor, mal conseguia falar com ele.
            De repente Elisa pegou o telefone dele e muito preocupada me perguntou o que estava acontecendo comigo.
            -Está doendo muito!- murmurei para ela, forçando minha voz para que ela pudesse sair e de repente a pressão do meu corpo mudou. Sentia a cor deixar meu rosto. Tudo começava a dançar, eu estava zonza, tonta.
            Ela me perguntou o que estava doendo. Sua voz aumentou, demonstrando o quanto ela estava preocupada comigo. Mas eu a ouvia como se estivesse longe, muito longe. O quarto parecia dançar diante de meus olhos.
            -Eu o arranquei com uma faca! Vou ser normal! Mas está doendo muito.- respondi a ela, grogue, usando minhas últimas forças, em seguida minha visão escureceu, minha mente deu voltas e por fim desmaiei com meu corpo desabando em uma enorme poça de sangue.


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CAPÍTULO 6




Quando despertei, estava deitada num leito de hospital. Ainda sentia dores, mas estava bem. Meus pais me disseram que eu não deveria ter feito aquilo, mas eles sabiam que eu não mais suportava viver daquele jeito.
            Sempre quis ser uma mulher por inteiro, sem qualquer defeito físico.
            Mas agora eu seria uma garota normal. Sentia-me bem apesar de abatida e fraca. Eu havia perdido muito sangue.
            Quando acordei pensei que fosse o outro dia. Mas na verdade 15 dias haviam se passado.
            Meus pais me disseram que eu fiquei em coma por todos esses dias.
            Foi graças a minha amiga e Mike que me pegaram e levaram às pressas para uma ambulância que estava a caminho. Estancaram a hemorragia. Mas eu havia perdido muito sangue. Tive que fazer uma transfusão.
            Mike soube o meu segredo e foi justamente o seu pai, um grande e renomado cirurgião, que estava com ele passando férias, que me operou.

***
            Depois de deixar o hospital, já em casa, me despi para tomar um banho, o primeiro banho sozinha, visto que no hospital tudo era com ajuda das enfermeiras, vi que onde havia o maldito membro tinha apenas os pontos da cirurgia, eu sorri. Estava feliz, não era mais uma abominação. A cirurgia havia sido um sucesso.
            Mike e eu estávamos juntos. Mas ele morava em outro país com o pai. Passou o resto de novembro comigo e prometeu voltar no próximo final de outubro quando tirasse férias novamente.
            Ele tinha parentes naquela pequena cidade. Sempre vinha dia 31 de outubro e ficava até dia 25 de novembro.            

***
            Quando Mike se foi, nós passamos a sempre conversar por cartas. Trocávamos fotos e juras de amor.
            Minha vida havia mudado, eu era o que sempre sonhei, uma pessoa normal. Como eu poderia desconfiar que algo assustador aconteceria em breve e arruinaria minha vida para sempre?

           
           
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CAPÍTULO 7





Em nossas cartas apaixonadas Mike disse, em uma delas, que queria que eu fosse morar com ele. Não foi fácil convencer meus pais, mas aos poucos eu consegui.
            Cada mês que passava eu ficava mais nervosa. Mais ansiosa.
            O plano era Mike vir e pedir minha mão em casamento para meus pais. Ele não apenas queria que morássemos juntos, ele queria se casar comigo.
            Eu estava tão imensamente feliz. De uma vida amargurada eu mudei para uma vida de realizações, conquistas e estava prestes a me casar com o homem que eu amava. O homem que mudou minha vida.

***

            Era um fim de tarde frio, do dia 31 de outubro de 1979, novamente o Halloween. Eu estava sozinha em minha casa, usando a mesma faca com que havia me mutilado, cortava uma grande abóbora para a decoração de Halloween, que desta vez a festa seria em minha residência.
            Quando terminava de adornar a abóbora a campainha tocou. Quando atendi fiquei surpresa ao ver Mike. Ele havia dito que teve imprevistos no trabalho e que chegaria apenas em novembro, mas foi apenas para me fazer uma surpresa.
Ele entrou, me entregou um buquê de rosas vermelhas, que coloquei sobre a bancada e começamos a nos beijar, ali mesmo na sala.
            Tinha tanta coisa para falar pra ele, mas tudo que fiz foi abraçá-lo e deixar o desejo tomar conta de nós.
            Começamos a nos despir de forma selvagem, quase que desesperada.
            Naquele momento não tínhamos outro desejo senão terminarmos o que começamos quando nos conhecemos e desta vez eu era uma garota normal.
            Deitamos sobre o tapete ao lado da abóbora e da faca e começamos a nos envolver mais e mais. Com sua mão grande e quente ele arrancou minha calcinha, fazendo-me suspirar de tesão.
            Eu já estava nua, tomada por desejos ardentes, com tremeliques nas mãos.  Então Mike retirou sua cueca, permitindo-me contemplar seu enorme e duro pênis.
            Mas, de um segundo para o outro, o que era desejo e tesão, se transformou em um assombro nefasto.
            Um horror abominável se apoderou de todo o meu corpo. Quando vi o seu pênis, o membro cujo último que havia visto fora o meu, que fazia parte de meu corpo, relembrei do horror que era ter aquele maldito órgão em mim, e não pude mais me controlar.
            Totalmente histérica, sem pensar direito, sentindo um ódio antigo, uma repulsa abominável, peguei a faca sobre o chão, segurei o pênis de Mike, que estava de olhos fechados, e num único e rápido golpe, o decepei, arrancando seu órgão fora.

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CAPÍTULO 8





Mike, tomado por um paradoxo de dor e pavor incontrolável começou a gritar desesperadamente. Seu sangue esguichava por toda parte. O assombro desfigurava seu lindo rosto em uma carranca hedionda. Seus gritos explodiam no recinto.
            E então, vendo Mike segurar o toco do pênis que lhe restava, urrando debilmente, cambaleando para trás, tentando fugir de mim enquanto me encarava estarrecido, assombrado, como se olhasse para uma repulsiva e demente criatura infernal, eu entendi quem eu era. Demorou, mas tudo fazia sentido.
            Monstros são sempre monstros. Aberrações são sempre aberrações.
            Ao me automutilar eu me transformei realmente num monstro. Na verdade, eu deixei a monstruosidade que estava dentro de mim ser exteriorizada. Eu me revelei.
            Um mal se apossou não apenas de meu corpo e mente, mas também de minha alma. Um mal negro, hediondo, desmedido, impulsivo e maléfico.
           
***
            Minha vida e meus sonhos se transformaram novamente em um infernal pesadelo. Nunca poderei ser uma garota normal. Há lembranças terríveis que estarão para sempre em minha mente distorcida.
            Mike, o único garoto que já amei (?), mutilado por minha insanidade. Seus sonhos e sua vida destruídos por minha psicopatia.  
            Meu destino foi uma clínica para recuperação de pessoas com deficiências mentais. Nem mesmo a prisão seria um local ideal para uma monstruosidade como eu. O hospício seria o único lugar adequado onde trancafiam os dementes.
            Mas não acredito que isso vá me ajudar muito. Há realmente um mal que existe em mim.
            Um mal que apenas acordou.
            Um mal poderoso, que não se pode destruir e que dormiu por um tempo, mas que escolheu o Halloween para acordar furioso.
            Eu posso dizer, sentindo uma dor incurável que destrói minha alma, que nenhum amor é tão forte, tão duradouro, a ponto de resistir a uma força insana, perversa e, atrevo-me a dizer, demoníaca, que é pura e simplesmente o mal e que dorme em todos nós, esperando apenas o momento para despertar e começar um pandemônio.         
              

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