Escrito
por ALLAN FEAR
Era um fim de tarde frio de inverno quando deixei a rua
molhada pela chuva de algumas horas e adentrei o prédio Gouderts. Fui até a recepcionista
e informei que tinha hora marcada com o diretor da Editora Renzon.
A jovem moça de cabelos pretos e pele morena me informou
que a sala da Renzon ficava no 25º piso. Entrei no elevador, cliquei no botão
do andar desejado e esperei enquanto ele fechou as portas e subia.
Como eu era o único passageiro no elevador, fiquei
olhando-me no espelho, eu estava bem, usava minha melhor camisa xadrez por
baixo de um suéter, calça jeans e um pouco de gel no cabelo penteado para trás.
Pouco depois saí do elevador e andei pelo corredor
estreito até a sala da editora Renzon. Bati na porta fechada e uma voz
masculina no interior do aposento me mandou entrar, obedeci prontamente.
-Então você é o Sr. Miller? – falou o homem que se
encontrava sentado atrás de uma mesa, aparentava ter uns 50 anos, cabelos
grisalhos lhe contornavam uma calvície, sua pele era levemente rosada. -Eu sou
Mustov, o diretor da Editora Renzon, meu cunhado havia me falado muito bem de
você Sr. Miller, eu pessoalmente avaliei os originais de seu livro.
-Fico honrado Sr. Mustov. – falei, exibindo um sorriso
formal.
-Mas, sinto te dizer que seu livro não se encaixa em
nossa linha editorial. – começou Mustov, acendeu um cigarro, pigarreou e
continuou: -Você escreve bem, mas sua história não faz sentido, é sobre um
assassino que mata sem motivos, de forma aleatória sabe? Acho que, de repente,
terror não é pra você! Espero que não me leve a mal...
-Mas Sr. Mustov, meu manuscrito não tem que fazer
sentido, pois que ele se trata de um testamento. – As palavras frias saíram
pausadamente de minha boca, enquanto que meus olhos fuzilavam aquele homem
velho e cansado à minha frente. -Eu matei cada uma dessas pessoas e deixei a
última vítima para o final!
-Mas do que diabos você está falando? – Mustov indagou,
levantando-se da cadeira, sua expressão era de assombro e nojo. -Então o
maldito final do livro...
Ele não conseguiu terminar sua frase, pois seus olhos se
arregalaram de horror quando me viram tirar uma grande e afiada faca de caça da
cintura. Ele tentou correr, tentou gritar, mas não conseguiu. Ilustrei
lindamente a última cena do meu livro, quando o diretor de uma grande editora
descobria a identidade do assassino e sangrava como um porco à medida que as 13
facadas lhe perfuravam as costas e um sorriso doentio era aberto em sua face,
de orelha a orelha.
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