Escrito
por ALLAN FEAR
CAPÍTULO
1
Bruce era um rapaz de
25 anos, solitário, triste e amargurado. Levava uma vida monótona com o
trabalho em uma repartição pública, morava sozinho em um apartamento financiado
em uma área muito marginalizada e se lamentava por não conseguir ter ao menos
um relacionamento.
Bruce
era alto e magro, de aparência raquítica, usava óculos de fundo de garrafa e
tinha o rosto cheio de espinhas, era tímido e pacato, desses tipos que tem medo
de viver a vida. Que pede desculpas mesmo estando com a razão. Um total
perdedor.
Mas
a vida parecia enfim, lhe sorrir, quando, na volta para casa naquele fim de
tarde, quando passava na orla de um bosque, viu um vulto se esconder atrás de
uma árvore e, curioso, foi verificar, dando de cara com uma garota.
Bruce
engoliu em seco, com vergonha, sem reação, garotas bonitas o deixavam nervoso.
A
garota era magrinha, de estatura mediana, tinha o cabelo loiro e a pele pálida
e olhos azuis acinzentados.
Ela
lhe sorriu quando ele, cabisbaixo, sentindo as bochechas corarem, já ia se
afastar. Ela pegou sua mão e contou, numa voz mansa, suave, meio distante, como
um sussurro, que sempre o via passar por ali, que desejava conhecê-lo melhor.
Bruce
sorriu meio sem graça, fascinado com a beleza da menina, tão branquinha, tão
pálida, mas ele sentiu afinidade com ela.
Nora,
sussurrou ela, apresentando-se para ele, que sentia aquelas mãos levemente
frias sobre as suas.
Então
Nora perguntou se ele queria namorar com ela, assim de repente,
surpreendendo-o.
Bruce
começou a gaguejar um sim, mas foi interrompido pelos lábios finos e suaves de
Nora, que o envolveu em um beijo intenso e cheio de carência.
Após
o beijo, Nora perguntou se ele largaria tudo para ficar com ela para sempre?
CAPÍTULO 2
Bruce,
sentindo aquele desejo, que tomava cada parte de seu corpo, ficar cada vez mais
intenso, disse sim, sem sequer pensar, ansioso por sentir novamente aquele
beijo.
Nora
indagou se ele tinha certeza, fitando-o com olhos melancólicos, expressando um
misto de tristeza e sofrimento. Bruce,
sussurrou um sim, tomando-a nos braços e beijando-a intensamente. Um beijo
desesperado, forte, numa ânsia por preencher o vazio de solidão que habitava em
seu peito.
Nora
interrompeu o beijo e o puxou pela mão em direção ao bosque, ele vislumbrou um
sorriso em seu rosto melancólico, encantado com ela, linda naquele vestido
branco que se agitava ao sabor da brisa suave da primavera.
Ela
o conduziu por entre as árvores, ignorando suas perguntas de para onde ela o
estava levando.
Bruce
estava fascinado com o charme de Nora, seu ar misterioso o deixava curioso,
disposto a tudo para conhecer seus segredos.
CAPÍTULO 3
Por
fim, Nora o levou para dentro de uma caverna que ficava no final do Bosque. Ela
o conduziu pela entrada estreita entre as rochas, andaram na penumbra, até um
lago silencioso que dormia, com suas águas escuras, no interior da caverna.
A
mente de Bruce estava a mil, ele pensava que ela o trouxera aquele lugar para
que pudessem se amar. Ele estava feliz, ali estava a mais linda garota que se
interessara por ele. Tudo tão louco, repentino e perfeito, como se de algum
jeito o destino por fim ouvira suas súplicas.
Nora
começou a se despir, encantando Bruce com sua nudez naquela penumbra lúgubre. Então
ela entrou no pequeno lago dentro da caverna, chamando Bruce, que maravilhado, hipnotizado
por aquele corpo branquinho, todo sarado, ele tirou suas roupas e a seguiu,
sentindo a água gelada em sua pele a medida que entrava no lago.
Nora
o abraçou, fazendo-o sentir seu corpo frio colado ao dele, acendendo a chama do
desejo em seu interior. Beijaram-se por alguns instantes e começaram a afazer
amor, até que Bruce se espantou ao ver, naquela penumbra, o corpo de Nora se
tornar hediondo como um cadáver em decomposição.
CAPÍTULO 4
Mas
antes que pudesse fazer qualquer coisa, Bruce começou a ter um orgasmo. Uma
sensação de prazer deliciosa no início, que o fez gemer, mas apenas para gritar
em seguida.
Bruce
gritou de dor ao sentir um calafrio intenso se espalhar por todo seu corpo a
medida que sua energia vital, o sopro de vida dentro de si, começar a ser
sugado por Nora. Era como os espasmos do orgasmo se prolongassem
indefinidamente, esgotando todas as suas forças, causando um calafrio intenso
por todo seu corpo.
Pobre
Bruce, ele não sabia que ali uma jovem garota linda cheia de vida havia se
encantado com aquela beleza do lago e entrado para um mergulho, mas acabara sofrendo
de hipotermia e se afogara naquelas aguas silenciosas e mortalmente frias.
Mas
era uma garota cheia de sonhos, uma garota que desejava, mesmo após a morte, não
ficar sozinha, uma garota cujo espírito retornara do túmulo em busca de seu
grande amor.
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