Escrito
por ALLAN FEAR
CAPÍTULO
1
Neitan e sua Namorada
Olívia eram fascinados por lendas sobre lobisomens. Eles ficaram encantados
quando conheceu o Sr. Menson através da internet. Sr. Menson era gerente de um
chalé que ficava em um lugar chamado Vale Negro e contou que muitos de seus hóspedes
afirmavam já terem visto criaturas peludas rondando os quartos e uivando no
meio da noite.
O gerente havia compartilhado com eles vários vídeos
feitos por hóspedes, embora em nenhum evidenciava que ali habitava um
lobisomem, os uivos no meio das noites de lua cheia, as pegadas, o estado de
animais que eram encontrados mortos e as marcas nas árvores apontavam que
alguma criatura rondava os chalés tarde da noite.
O casal viajou por quase três horas e foi se hospedar em
um dos chalés naquele vale sombrio rodeado por colinas frias.
O
Sr. Menson os saudou na chegada ao Chalé. Os hospedou no quarto para casais
número 13, o mais próximo da orla do bosque.
Neitan
e Olívia disseram ao velho gerente que estavam ansiosos para poderem capturar o
lobisomem e provar sua existência para o mundo.
A
noite fria veio, como um sombrio e silencioso manto negro estrelado, cobrindo
todo o vale. Um vento gélido, gemendo
como uma alma penada, soprava lá fora, estalando os galhos das árvores.
Olívia,
que sempre acompanhava seu amado nestas aventuras, terminou de municiar o revólver
e lhe entregou, desejando-lhe uma ótima caçada.
Quando
a lua cheia surgiu no sombrio céu da noite, Neitan deixou o chalé para adentrar no bosque em busca do lobisomem.
CAPÍTULO 2
Neitan andou entre as
árvores musgosas, enquanto que no céu negro como carvão a lua cheia, brilhante,
banhava o bosque com sua graciosa luz pálida e fria.
Não
demorou muito Neitan começou a ouvir o uivo de um animal que ecoava por entre
as árvores.
O
uivo soava perto, muito perto.
Neitam
tirou o revólver da cintura e seus olhos faiscaram. A arma prateada estava
carregada com balas de prata. Um sorriso brilhou em seus lábios ante a emoção
da caçada.
Uma
névoa densa surgiu, pairando entre as árvores. A luz de sua lanterna rasgava
apenas uma fina camada da escuridão impenetrável das profundezas do bosque
cujas copas das árvores ocultava o brilho da lua.
De
repente Neitan viu surgir, como uma sombra dentro da névoa, a figura enorme de
um animal cujos olhos famintos faiscavam.
O
animal uivou e se colocou na frente dele. Era sem dúvida um horripilante e assustador
lobisomem.
CAPÍTULO
3
-Ahhhh!!! - O grito de horror
escapou dos lábios de Neitan sem que ele pudesse contê-lo.
Mas
Neitan se recuperou do susto, apontou a arma na direção do animal e quando a
fera atacou, ele atirou, puxando inúmeras vezes o gatilho.
O
animal exalou um urrou de protesto ante os disparos e fugiu. Desesperado.
Neitan
estava bem. Feliz por desta vez estar certo de que havia de fato um lobisomem
habitando aquele vale.
Neitan
tentou seguir o animal ferido, mas este foi extremamente rápido e desapareceu
em meio as árvores submersas pela densa neblina.
Embora
pudesse ver as enormes pegadas do animal, Neitan não evidenciou sangue, mas
tinha certeza que havia atingido a fera.
Era
hora de voltar para o chalé. Ele precisava checar todos os hóspedes no dia seguinte
para descobrir quem estava ferido e assim desvendar a identidade do lobisomem.
***
No
outro dia Neitan e Olívia levantaram cedo após dormir tarde, uma vez que Olívia
teve de ouvir o emocionante relato de Neitan sobre seu encontro com o
lobisomem.
O
casal foi para o refeitório. Era uma manhã fria e cinzenta.
Após
algumas xícaras de cafés fumegantes e muitas panquecas, eles haviam analisado
todos os hóspedes e ninguém estava ferido. Neitan sabia que havia acertado ao
menos quatro tiros na fera.
Apenas
um homem de meia idade, sentado ao lado de sua filha havia se ferido ao se
barbear, mas era um corte muito superficial. Não era ele o lobisomem.
Neitan
e Olívia esbarraram com o gerente do hotel quando iam sair do refeitório e viram
seu ombro enfaixado.
O
Sr. Menson disse que havia se machucado noite passada.
Neitan
quis saber como ele havia se ferido, mas o homem disse que não se lembrava, era
sonâmbulo, deveria ter caído durante a noite.
Um
sorriso brilhou nos lábios de Neitan e Olívia. Tinham solucionado a identidade do
lobisomem.
CAPÍTULO 4
Neitan, sendo
oportunista, pediu uma última ajuda ao gerente, falou que tinham capturado um
animal estranho e queria que ele tivesse a boa vontade de identificá-lo. O Sr.
Menson assentiu e os acompanhou até a van.
Mas quando Neitan abriu a porta, revelando o interior do
veículo para o velho, este ficou boquiaberto, estarrecido ante o que seus
cansados olhos enxergavam.
CAPÍTULO
5
-Mas que piada de mal
gosto é essa? – Indagou o Sr. Menson olhando para um lobisomem de pelúcia
jogado em uma grande jaula com barras de ferro no interior da Van.
Rápido como uma pantera, Neitan deu uma forte coronhada
com seu revólver na cabeça do velho, desmaiando-o instantaneamente.
Neitan
e Olívia jogaram o Sr. Menson dentro da jaula, trancaram-na e saíram com a Van
para a rodovia.
Após
dirigirem por horas, pararam no acostamento de uma rodovia deserta e esperaram
pelo anoitecer.
Logo
o as cores do dia começaram a esmaecer. A densa névoa cinzenta desceu pelas
colinas ao longe como o véu de uma noiva. A temperatura caiu ainda mais e no
sombrio céu da noite, que lançou suas trevas pelo firmamento, a graciosa lua
cheia surgiu esbanjando toda sua beleza.
Olívia
terminou de municiar o revólver e o entregou a Neitan, então ambos deixaram os
assentos confortáveis do veículo e foram para a parte de trás da Van, abriram
as portas traseiras e fitaram o Sr. Menson dentro da jaula.
O
pobre homem que dormia após muitos gritos fracos de socorro durante a viagem,
despertou, assustado, confuso. Neitan se aproximou das grades e disse saber o
seu segredo: Que ele era um lobisomem. E que agora queriam testemunhar o
fenômeno da transformação.
-Vocês
são loucos! – Gritou o velho assustado. –Me tirem daqui seus malditos! Eu não
sou um lobisomem. Eu inventei toda aquela história para atrair clientes para
meu chalé. Não existe e nunca existiu nenhum lobisomem em Vale Negro.
CAPÍTULO 6
Os olhos de Neitan
foram tomados pela dúvida. Ele sabia que havia visto o lobisomem naquela noite,
tinha ferido a criatura e como o chalé era a única habitação em quilômetros, a
fera tinha que ser um dos hóspedes ou o próprio gerente.
Neitan estava chocado, perdido em seus pensamentos
enquanto fitava cegamente o pobre e assustado velho dentro da jaula. Ele
tentava entender toda a merda que havia feito, afinal a lua cheia já ia alta no
céu e o Sr. Neitan ainda não havia se transformado.
Se o Sr. Menson não fosse o lobisomem, então ele havia
cometido um sequestro.
Neitan, perdido em seus devaneios não viu sua amada
Olívia sentir-se mal e cambalear para trás, para começar em seguida a sofrer
uma estranha metamorfose sob a luz prateada do luar.
Os olhos do Sr. Menson se encheram de horror dentro da
jaula quando ele viu a criatura bestial atrás de Neitan. Ele apontou com um
dedo trêmulo e tentou balbuciar algo, mas o terror tomou conta de seu ser,
espavorindo-o.
Quando o rugido do animal explodiu nos ouvidos de Nietan
e este se virou, já era tarde demais para correr, tudo que ele conseguiu fazer
diante da besta-fera, foi sacar seu revólver e começar a atirar a queima
roupas.
CAPÍTULO
7
A fera pareceu gargalhar ante os disparos que não lhe
causaram nenhum dano.
Enquanto a besta-fera o estudava, Neitan reparou nas
roupas rasgadas no chão e as reconheceu. Foi quando soube instantaneamente que
aquele lobisomem parado à sua frente era sua amada Olívia.
Mas por que as balas de prata não a afetavam?
Então
Neitan se lembrou de que quem municiava seu revólver era Olívia, será que
ela...?
O
pobre caçador não conseguiu terminar seu pensamento assustador.
O lobisomem atacou com um salto e agarrou Neitan pelos
ombros e, com uma mordida feroz, devorou sua traqueia, fazendo seu sangue
vermelho brilhante jorrar.
O Sr. Menson fitava assustado aquele banquete
horripilante. Ele sabia que o lobisomem não o poderia pegar dentro da jaula,
mas o que ele desconhecia era que talvez quando Olívia retornasse a sua forma
humana, ela não quisesse deixar testemunhas que pudessem revelar seu segredo
macabro.
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