Escrito
por ALLAN FEAR
CAPÍTULO
1
O jovem rapaz sentado
no sofá surrado de vinil com uma caneca de café fumegante na mão é Patrick
Honfferman. Seus olhos tristes observam atentamente a garota do outro lado da
sala enquanto ela ajuda outros internos a criarem fantasias e enfeites para aquela
noite de Halloween.
O Recanto da paz é uma clínica de caridade que abriga pacientes
com câncer em estágio terminal, buscando dar-lhes conforto em seus últimos
momentos.
Patrick sofria de câncer de pulmão, entre algumas goladas
e outra de café, ele tinha que parar para tossir, tapando sua boca com um lenço
devido as gotículas de sangue que vinham junto com a saliva.
Na maioria os internos eram órfãos, bastardos e pessoas
renegadas pelos seus familiares. Ali era o único lugar que poderiam chamar de
lar, pois eram bem tratados e podiam, entre uma dose e outra de morfina, se
sentir amados e ter alguma diversão.
Patrick sabia que seus três meses de vida estavam se
esgotando, ele havia dado corda no relógio da morte, segundo o último
diagnóstico médico ele não duraria mais do que duas semanas.
Patrick olhava para Raquel em sua minissaia justa e seus
lindos cabelos ruivos, que na verdade era peruca, ela tinha um tumor no
cérebro. Ele queria tanto poder namorar com ela, passar seus últimos dias com
ela.
Mas Patrick era demasiado tímido, nunca fora bom com as
garotas e o preço a se pagar por não superar sua timidez seria morrer virgem,
sem nunca descobrir como era os prazeres do sexo.
Raquel era bonita, tinha a pele clara e expressivos olhos
azuis e seu corpo ainda não havia secado como o da maioria dos internos. Ela
ainda preservava um aspecto sexy e as sobrancelhas postiças que usava ajudavam
a esconder os efeitos da fisioterapia.
Enquanto Patrick estava há cerca de dois meses e meio na
clínica, Raquel havia chegado fazia uma semana.
-E você o que vai usar hoje à noite na festa de
Halloween? – Perguntou Raquel virando-se para Patrick e exibindo um sorriso
amarelado, deixando visível que ela era fumante. Um piercing cintilava no canto
de sua boca.
-Eh, eu... ainda não sei... – Engasgou Patrick meio sem
jeito, ajeitou seu boné preto na cabeça calva para em seguida pressionar a
bombinha para asma na boca e disparar. Ele sentiu seu rosto corar sob aqueles
olhos azuis.
-Venha, eu vou arrumar alguma coisa para você. – Disse
Raquel e puxou Patrick pela mão, arrastando-o pelo corredor até um canto onde
havia várias caixas com fantasias que a clínica havia conseguido de doações.
Patrick cansado e arfando pelo esforço de se levantar e acompanhar
a garota entusiasmada, escorou suas costas na parede e observou enquanto ela se
abaixava e procurava uma fantasia para ele.
-Que tal essa? – Indagou Raquel retirando uma máscara de
zorro da caixa e colocando sobre a face de Patrick. – Hmmm, ficou um gato!
Patrick tremeu quando ela se aproximou de seu rosto, para
dar-lhe um beijo. Ele ficou ofegante e ainda mais pálido.
-Espere, vai me dizer que você nunca ficou com uma garota
antes? – Indagou Raquel estudando a reação dele, as maçãs de seu rosto ficando
vermelhas.
-Eu já sim, eu.. – engasgou Patrick, incapaz de encarar
aqueles intensos olhos azuis.
-Não minta pra mim! – Sussurrou ela num tom provocante e
com a ponta do dedo indicador levantou o queixo dele para que seus olhos
pudessem se encontrar. -Eu ficaria com você, realizaria suas fantasias, você
quer?
CAPÍTULO
2
Antes que Patrick pudesse responder ela o empurrou para
trás de uma das pilastras, fora da visão dos outros que estavam entretidos com
a grande mesa de enfeites, e o beijou, pressionando seus lábios nos dele.
-Se você realizar meu maior desejo, eu te faço o cara
mais feliz do mundo hoje à noite, o que acha? – Raquel sussurrou no ouvido de
Patrick, mordiscando e lambendo sua orelha, fazendo-o sentir intensos arrepios.
-Eu topo, realizo tudo o que você quiser- Balbuciou
Patrick ainda sem poder acreditar naquele momento único em toda sua medíocre
existência.
CAPÍTULO
3
Lá fora a chuva caía incessantemente enquanto que na
clínica decorada a caráter de Halloween, demônios, fadas, esqueletos e bruxas
riam e se divertiam ao som de músicas sinistras. Havia muitos comes e bebes e
todos estavam no clima do dia das bruxas.
Patrick, fantasiado de Zorro e com um copo de cidra de
maçã na mão tentava localizar Raquel, que havia prometido um encontro quente
com ele naquela noite. Ele estava nervoso, ansioso e com medo. Ainda não podia
acreditar que finalmente iria para a cama com uma garota.
De repente Patrick sentiu sua capa ser puxada e quando se
voltou para trás, viu aquele demônio feminino de incríveis olhos azuis com
chifres protuberantes sobre seus cabelos ruivos.
Raquel estava linda, usava uma minissaia ainda mais curta
e top vermelho, realçando seus seios. Ela o puxou pela mão, fazendo sua cidra derramar
do copo. Caminharam pelos corredores vazios até o quarto dela.
Adentraram o aposento iluminado à luz de velas em
castiçais sobre os moveis, Raquel trancou a porta e acendeu e o empurrou na
cama. Caminhou de forma sexy, com seu rabinho de diaba balançando atrás dela e
apertou o play no aparelho de som portátil, fazendo canções vorazes de King
Diamond explodirem pelos alto-falantes.
-Eu quero você amarrado sobre a cama. – Disse ela,
montando sobre ele, numa voz provocante, seus olhos azuis faiscando sob a
pequena máscara vermelha que lhe cobria apenas a parte de cima da face. -Sua
noite será inesquecível, eu prometo.
CAPÍTULO
4
Raquel gentilmente amarrou as mãos e os pés de Patrick
com cordas nos quatro cantos da cama e começou a dançar e se esfregar nele,
rasgando sua camisa e suas calças, deixando-o louco de desejos.
Patrick estava muito excitado e sentiu-se em chamas
quando ela se despiu e começou a transar com ele num ritmo frenético. Raquel
cavalgava sobre ele com força enquanto arranhava seu peito com suas unhas
vermelhas e afiadas, até ele chegar ao orgasmo.
Patrick havia acabado de transar com uma garota, estava
ofegante, coberto de suor. Se sentia vivo, acabara de experimentar a melhor
sensação de sua vida. -Foi
maravilhoso! – Disse Patrick olhando para Raquel ainda sentada em cima dele.
Ele fitou seus olhos e reparou que faiscavam, de forma intrigante.
-Fico feliz que tenha gostado – Começou ela exibindo um
sorriso diabólico à luz das velas. -Agora quero realizar meu maior desejo.
Raquel deitou sobre ele, deu-lhe a impressão que ela o
iria beijar, mas não o fez, estendeu um dos braços e pegou algo dentro da
gaveta do criado mudo ao lado da cama.
-Ãh!? – Patrick ficou surpreso quando viu Raquel erguer
um punhal em suas mãos, a lâmina cintilando à luz das velas. -O que você vai
fazer com isso?
CAPÍTULO
5
Mas Raquel não disse nada, apenas abaixou o punhal e
começou a passar a lâmina fria sobre o peito nu de Patrick, acariciando os
mamilos dele com a lâmina afiada. O coração do pobre rapaz esmurrava o peito
num ritmo alucinado.
-Meu pai esquartejou minha mãe quando eu tinha apenas
cinco anos numa noite de Halloween. Ele havia chegado bêbado em casa,
discutiram e ele pegou o machado na garagem. Estávamos na sala e eu vi tudo. –
Falou Raquel enquanto balançava a cabeça e fazia a ponta do punhal passear pelo
corpo de Patrick. -Eu fui jogada em orfanatos e cresci tentando esquecer aquela
noite de horror, me afoguei nas drogas, mas a vozinha do meu pai continuou na
minha mente, dizendo para eu matar também.
-Sabe Patrick, eu até já tentei matar algumas garotas nos orfanatos onde fiquei, mas não consegui. Meu pai havia morrido na prisão, mas
sempre o vejo com seu machado, e eu sei que preciso tomar uma vida. Eu sou como
ele.
-Eu... – Patrick estava chorando, seus olhos brilhavam,
ele tentava forçar um sorriso. -Eu te devo tanto, você foi minha primeira
garota, enquanto nenhuma outra garota no mundo jamais olhou pra mim, você foi
tão gentil, você me fez sentir o que tanto desejei na vida antes que ela
acabasse. Eu queria que pudéssemos ficar juntos enquanto... Argh!...
CAPÍTULO
6
Patrick começou a sentir uma dor imensa, seus olhos
começaram a girar loucamente nas órbitas enquanto ele se sentia sufocado pela
dor lancinante. Sua hora havia chegado.
Mas antes que Patrick pudesse dar o último suspiro,
Raquel enterrou o punhal em seu peito, perfurando seu coração e tomando sua
vida no último momento.
Raquel sentiu a guisa de sadismo invadir todo seu corpo
num êxtase incomensurável. Ela havia cometido seu primeiro assassinato e a
sensação que isso lhe proporcionou era muito mais intensa do que qualquer
orgasmo que já havia experimentado.
-Sua pirralha, levanta já esse seu traseiro daí! – A voz
cavernosa e gutural interrompeu o momento de Raquel, que olhou para o lado e
viu o fantasma sombrio e decadente de seu pai, de pé, segurando um machado
ensanguentado sobre o ombro. -O Halloween ainda não acabou, quero ver do que
você é capaz.
CAPÍTULO
7
Quando Raquel se
levantou de cima do cadáver de Patrick segurando o punhal ensanguentado na mão
e fitando a sombra fria de seu falecido pai ao lado da cama, ela ouviu batidas
na porta e a vozinha irritante de sua colega de quarto que queria adentrar o
aposento.
Raquel sorriu enquanto caminhava para à porta com sua mão
direita segurando o punhal escondido atrás das costas.
-Essa é minha filha, - Começou a voz fantasmal na cabeça
de Raquel, - mostra pra ela o que o papai te ensinou, podemos usar cabeças
humanas como lanternas para celebrar o Halloween.
0 Comentários