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Escrito por ALLAN FEAR

CAPÍTULO 1

Vlademir contemplava com uma dor indizível, como se seu coração fosse arrancado do peito lentamente aos pedaços, o coveiro cobrindo o túmulo de sua amada Isabel com aquela terra vermelha e úmida da garoa que caía.
Tão repentinamente como surgira em sua vida ela se fora, deixando um vazio assombroso em seu peito.
O pensamento amargo de abandonar sua amada Isabel sozinha naquele túmulo frio era terrível e inquietava a mente abalada de Vlademir.
Um pensamento sombrio serpenteou pela alcova de seu cérebro causando um arrepio frio em sua cabeça.
“Caso ele chegasse em sua casa na fazenda, colocasse o cano da carabina na boca, apertasse com os dentes e puxasse o gatilho, ele poderia se encontrar novamente com sua amada?” 

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CAPÍTULO 2

Mais tarde em seus aposentos, sozinho, naquela noite fria, Vlademir aprofundava-se em sua dor, afogando as mágoas com um bom e velho Wysk enquanto fitava uma foto de sua amada. As felizes lembranças dos belos momentos que tivera com sua adorada Isabel se amontoavam em sua mente, causando uma insuportável dor por tê-la perdido.
Era doloroso, assustador e terrível o pensamento de saber que sua amada estava à sete palmos de terra, naquele túmulo frio, esperando para ser devorada por vermes.
Ela sabia que ele era desses homens bravos, impulsivos e não deveria tê-lo feito perder a paciência enquanto assistia aquele maldito jogo de futebol. Vlademir ainda podia ouvir o ruído de vidro e crânio se partindo quando estraçalhou a garrafa de cerveja ainda cheia na cabeça de sua amada.
A pobre mulher não emitiu um pio sequer e se estatelou sobre o carpete, de onde jamais se levantou.


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CAPÍTULO 3

Como Vlademir era um bom amigo do Xerife local de Hawtherville, tudo foi tratado como acidente e ele pôde enterrar sua amada e voltar para sua velha casa na fazenda.
Então, naquela hora morta, Vlademir ouviu fortes batidas na porta, libertando-o de seus devaneios.
-Vá embora!-  Esbravejou o Vlademir, -Não querendo ser interrompido. Deixe-me com minha dor.
Mas as pancadas persistiram, ou ele atendia a porta ou as incômodas batidas persistentes não iriam cessar.
Furioso, Vlademir deixou a foto da amada sobre a mesa e atendeu a porta pronto para xingar quem quer que ousasse incomodá-lo naquele momento de luto.
Ao se levantar Vlademir se sentiu tonto, o chão pareceu dançar sob seus pés e ele soube que havia exagerado no Wysk, mas cambaleou até a porta mesmo assim.

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CAPÍTULO 4

Ao abrir a porta, Vlademir ficou chocado ante a visão sobrenatural de sua amada Isabel à sua frente, olhando-o porcamente enquanto exalava o perfume da morte diluído em terra molhada.
Vlademir não encontrou palavras para dizer naquele momento de inacreditável surpresa. Sua doce e amada voltara do túmulo, retornara para ele, que se entregou a ela em um abraço apaixonado.
            -Meu amor, me perdoe por tê-la matado, eu te amo. – Falava Vlademir com a voz grogue beijando o rosto da defunta. –Juro que não vou te matar novamente.
            -Você não vai precisar me matar meu amor, mas eu terei de matá-lo para que venha viver comigo dentro da minha cova! – Disse Isabel com seus lábios secos em seu sussurro sombrio e distante.
            A defunta ergueu a faca que segurava e começou a perfurar o lado esquerdo de seu marido, ceifando sua vida à medida que desferia as inúmeras facadas.

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CAPÍTULO 5

Vlademir desabou no chão e começou a se debater enquanto uma baba branca, espumosa, lhe saía da boca. Nas órbitas seus olhos giravam e dançavam loucamente, seus nervos ficavam enrijecidos para em seguida sofrerem espasmos ensandecidos até que por fim ele parou e não mais se mexeu.
            Duas figuras masculinas saíram das sombras do celeiro ao lado da casa e se aproximaram do corpo de Vlademir.
            -Será que ele já morreu? – Indagou um dos homens, ambos estavam usando agasalhos escuros e o vapor quente saía de suas bocas e narinas a medida que respiravam.
            -Sim! – Confirmou o outro checando o pulso de Vlademir. –Mortinho da Silva. Não se sente mal agora que matou seu amigo de longa data Xerife Willkins?
            -Um pouco, mas Vlademir mudou muito nos últimos anos, Isabel já é a sétima esposa que ele mata. – Falou o homem suspirando e alisando sua barba de dois dias. –É melhor assim, o veneno agiu rápido, fez ele alucinar um pouco, mas tudo acabou bem e todos pensarão que ele teve uma overdose.
            -Só foi uma pena estragar um bom Wysk com veneno. – Disse o homem que havia examinado o pulso do então defunto Vlademir. –Vamos embora e aguardar que amanhã alguém nos informe sobre esse caso.
             

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