Escrito
por ALLAN FEAR
O garotinho de nome Jonas,
deitado sobre sua cama, naquela noite tempestuosa, não conseguia dormir. Além
do barulho ensurdecedor dos trovões ruidosos, algo gélido, oculto nas sombras
do aposento, lhe causava arrepios. Ele não podia ver nada além da escuridão que
o cercava, mas podia sentir que havia ali uma presença maligna.
Jonas
Fitava a escuridão do quarto onde, de repente, algo parecia se mover e pôde
vislumbrar, sob a luz fantasmagórica de um relâmpago que penetrou pelo vidro da
janela, grossos filetes de sangue, vermelho brilhante, que escorriam da parede.
Jonas tremia, afinal ele ouvira as assustadoras histórias que eles contavam sobre
sua nova casa, na Hollow Street número 88, ele escutara sobre os muros
sangrentos, os corpos sem cabeça e as criaturas que gemiam tarde da noite.
Pobre
Jonas, seus antigos colegas de escola diziam que toda a cidade de
Hawthersville, para onde ele havia se mudado, era assombrada.
Jonas
engoliu em seco, incrédulo ante a visão macabra, sentindo o medo gelar o sangue
em suas veias, tentando se convencer de que se tratava apenas de goteira. Ele
cobriu a cabeça com o edredom para proteção.
Jonas
gritou quando sentiu mãos frias como um túmulo puxarem suas pernas,
arrancando-o da cama. Puxando-o para aquela escuridão macabra. Desesperado, o
pobre menino tentou se levantar para fugir, mas aquela horda sombria de seres
obscuros, como trevas flutuando em trevas, com seus olhos selvagens faiscando
um vermelho infernal, o encaravam, coagindo-o.
Jonas
gritava, desesperado e aterrorizado diante daquela visão fantasmal. Aqueles
seres perversos o rodeavam, gemendo e murmurando maldições. Jonas sentia os
calafrios gélidos se espalharem por todo seu corpo enquanto que seus olhos,
suplicantes, encaravam a personificação hedionda do mal sem que nada pudesse
fazer para se libertar daquela paralisia estranha, semelhante a que lhe ocorria
durante os pesadelos.
Então
Jonas ouviu as palavras estranhas, inumanas, tenebrosas, de vários timbres medonhos
serem cuspidas das trevas com um hálito gélido e putrefato em sua face,
mortificando-o.
As
vozes dos mortos de além-túmulo diziam:
Jonas, seu covarde, quando você irá
entender que agora é um de nós e não mais um garotinho assustado?
Esta foi a casa onde você viveu e
morreu. Aqui é o seu túmulo Jonas, seu corpo ainda jaz perdido dentro destes
muros sangrentos. Você e seu boneco, perdidos para sempre nas trevas do mal que
domina este solo amaldiçoado!
Sua família se foi após seu
desaparecimento, deixando-o conosco nas entranhas malditas desta casa infernal.
Breve teremos novos moradores Jonas
e você terá de ser como nós, os fantasmas que habitam a casa do terror na
Hollow Street Número 88.
Jonas, você se tornou parte deste
mal, aceite seu destino e deixe entrar em vós a escuridão que habita este lar.
Jonas
se encolhia abraçando seus joelhos junto ao peito enquanto encarava todo aquele
horror. Lágrimas frias pareciam rolar por sua face, mas em verdade, não eram
lágrimas e sim a fumaça gélida da escuridão serpenteando por seu rosto e
penetrando em seus olhos, recrutando sua inocente alma para aquela legião de
além-túmulo.
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