Escrito
por ALLAN FEAR
Jéssica exibiu um
sorriso meio sem jeito quando Justin, seu namorado, lhe presenteou com aquele
lindo e exótico gato semelhante a uma onça.
-É um filhote de onça? – Indagou Jéssica ao segurar o
felino cuja pelagem era idêntica à de onças pintadas.
-Este
gato é de uma raça chamada Bengal, parecem mesmo pequenas onças. – Explicou o
namorado acariciando a cabeça do felino que ronronava nos braços de Jéssica.
–Espero que goste dele, meu amor!
-Ele já tem nome? – Indagou Jéssica olhando nos
faiscantes olhos do gato.
-Sim!
Ele se chama Belfegor! – Disse Justin exibindo um largo sorriso e o felino miou
em seguida como se respondesse ao nome pronunciado.
***
Jéssica havia adorado o gato e teve de insistir com seus
pais para que a deixassem ficar com ele, mas havia um pequeno problema: Jéssica
era alérgica a pelos de gatos.
Mas como Belfegor havia sido um presente tão carinhoso do
namorado, seus pais aceitaram o animal, com a condição de que ele fosse criado
do lado de fora de casa.
Logo Jéssica viu que Belfegor era manso e queria sempre
ficar em seu colo, ela permitia isso até que sua alergia atacasse e ela
começasse a espirrar.
Naquela noite, após terminar suas lições do colégio, a
jovem Jéssica se deu conta de que Belfegor estava aninhado em seus pés. Ela
pegou o gato nos braços e o levou para o lado de fora.
Jessica foi para a sala assistir TV, gostava de ver
Twiligh Zone às 21 horas.
Lá fora uma chuva começou a cair. Relâmpagos
estalavam nos céus jorrando suas luzes fantasmagórica no vidro da janela da
sala.
-Ahhh!- Gritou Jéssica quando o gato pulou em seu colo. –
Belfegor!! Não pode assustar desse jeito sua mamãe. Você tem sua caminha na
garagem, vamos, vá dormir e não tenha medo da chuva.
Jessica se levantou do sofá surrado de vinil e levou o
gato no colo para a garagem onde ela havia preparado uma aconchegante cama numa
caixa de papelão para o felino. Ela o depositou ali e voltou para dentro de
casa fechando a porta.
Mas novamente, após alguns minutos, o gato irrompeu pelas
trevas do aposento e pulou no colo de Jéssica. Ela começou a espirrar e
devolveu o felino à sua caminha, certificando-se de fechar todas as janelas da
residência.
Mas novamente a cena se repetia. O felino dava um jeito
de adentrar a casa. Mas por onde ele estava entrando?
Jéssica se certificou de que não havia nem sequer um
basculante aberto, foi então que, pela sexta vez, ela pegou Belfegor nos braços
e quando ia levá-lo para fora, o felino sibilou e a arranhou.
-Aiiii! - Jéssica gritou e soltou o animal para em
seguida ver os filetes de sangue vermelho-brilhante escorrem por seu braço.
O pai de Jéssica apareceu segundos depois na cozinha e
indagou: -O que diabos está acontecendo aqui filha?
-O gato está entrando dentro de casa, mas eu fechei tudo,
não seu como ele faz isso. – Disse
Jéssica.
-Eu sabia que esse bicho era uma má ideia. – Rosnou o pai
de Jéssica e levou a mão para pegar o felino quando este o arranhou e saiu em
disparada casa adentro.
O pai ergueu a mão e encarou os arranhões que faziam seu
sangue fluir avidamente.
Com a mão ferida enrolada em papel toalha pai e filha
procuraram por toda a casa pelo animal, mas não encontram nem sinal do felino.
-Mas como diabos esse gato saiu da casa? – Indagou o pai
de Jéssica confuso. –Vamos olhar lá fora.
Quando Jéssica e seu pai foram na garagem, encontraram
Belfegor morto, ao que tudo indicava o animal havia tentado subir em uma janela
que daria para a cozinha, mas acabou arrastando várias caixas de ferramentas
que caíram sobre ele. Enterrado nas costas do felino havia uma broca de
furadeira.
Após momentos de angústia e tristeza, Jéssica foi para
seu quarto tentar dormir, mas sabia que teria pesadelos com a visão macabra do
gato morto. Ela se sentia culpada por não o ter deixado passar a noite dentro
de casa, afinal a tempestade o assustara.
Jéssica se deitou e puxou o edredom até cobrir a cabeça.
Lá fora a chuva continuava a cair. Os trovões retumbavam ao longe. Ela sentia
seu corpo frio como gelo.
-Ãhhh??? – Jéssica sentiu algo pular sobre seu peito.
Então ela ouviu o ronronar e quando, cautelosamente retirou o edredom de sua
cabeça, fitou, na penumbra do aposento, Belfegor sentado sobre ela.
Os
olhos do felino faiscaram um brilho infernal e ele exalou um miado
fantasmagórico que a fez sentir todo seu corpo se arrepiar.
Jéssica
sentiu o calafrio do pavor gelar o sangue em suas veias enquanto encarava o
gato morto e pôde finalmente entender como aquele animal estava adentrando a
casa mesmo com portas e janelas fechadas.
Pobre
Jéssica, ela havia solucionado aquele mistério, mas agora ela tinha um
problema: como ela faria para que Belfegor ficasse do lado de fora da casa?
LIVROS E ARTEFATOS INDICADOS
(CLIQUE NAS CAPAS PARA ACESSAR)
0 Comentários