Escrito
por ALLAN FEAR
CAPÍTULO
1
Esta é a assustadora
história de Jennifer, uma garota que sonhava em se tornar uma dançarina de
funk. Mas nem todos os sonhos são como se deseja, e o de Jennifer se
transformou em um terrível pesadelo aterrorizante.
Jennifer
havia se tornado um sucesso daquela dança sensual e provocante. Havia entrado
para um bonde de Funk e estava sempre fazendo shows em bailes chamados de
inferninhos, mostrando seu corpo sarado, incitando o desejo de homens e
mulheres.
O
perfume selvagem da luxuria inebriava sua mente, assim como a de todos à sua
volta, fazendo-os queimar em desejos sexuais pervertidos. Ela adorava ser
chamada de puta e ser molestadas por incontáveis tarados durante as
apresentações.
Mas
o pesadelo de Jennifer começou quando ela acordou em uma manhã, sentindo-se
muito mal, o corpo parecia pesar toneladas sobre a cama. Olhos e nariz
congestionado e uma lancinante dor de cabeça.
O
que estaria acontecendo com Jennifer?
CAPÍTULO 2
Jennifer
ficou apavorada ao erguer-se de sua cama e com extrema dificuldade cambalear
até o banheiro, onde olhou-se no espelho e viu, com horror como da noite para o
dia, sua pele começou a ganhar um ar cadavérico. Sua beleza a havia deixado tal
qual uma fruta perdia sua cor ao apodrecer.
A
princesa bandida do funck de repente, estava a ficar pálida, vendo sua beleza
ser roubada por uma estranha e repentina palidez cadavérica. Seu corpo queimava
em febre, suas curvas sensuais de peito e bunda empinados haviam emudecido e se
tornado flácidos. Uma angústia tenebrosa, como se algo hediondo estivesse se
remoendo em suas tripas fazia seu estômago ranger.
Naquele
instante de aflição, apoiando-se na parede do banheiro para não cair, Jennifer
fitou, com horror, uma sombra estranha, funesta, pútrida, sair do espelho e vir
em sua direção, gemendo, lamentando e sussurrando seu nome com um timbre de voz
cavernoso, como o soprar do vento frio arrastando folhas mortas.
Jenifer!... Jenifer!...
Jenifer!...
CAPÍTULO 3
A sombra infernal
rogava que Jennifer lhe devolvesse o que lhe pertencia.
Pobre
Jennifer, estava aterrorizada, sentia o sangue gelar em suas veias enquanto
seus olhos fitavam aquele horror inumano, que flutuava ao seu redor,
envolvendo-a naquela fumaça fria e depressiva. Mas ela estava fraca demais para
correr, o pouco de força que lhe restava se esvaia muito rapidamente.
Jennifer
estava sozinha em casa, ninguém poderia ouvir seus fracos gritos de socorro.
Gritos que não passavam de débeis lamentos sussurrados.
A sombra macabra estranha girava em volta do corpo de
Jennifer como uma serpente, fazendo-a tossir, engasgando-a com seus vapores
pútridos, deliciando-se com sua dor.
Além de todo o horror e dor que vinha a sentir, a aflição
que assolava a alma de Jennifer era terrível, dando-lhe certeza de que seu fim
estava próximo.
CAPÍTULO
4
Mas quando a sombra a
tocou na fronte, um toque gélido como o dedo frio e duro de um esqueleto, Jennifer
sentiu um forte calafrio e memórias escuras foram, instantaneamente,
desenterradas das profundezas de sua mente, vindo à tona como em vívidas e
aterradoras lembranças amargas.
Um
lamento escapou da boca de Jennifer, fazendo seu estômago revirar. Agora ela
entendia o porquê de todo aquele horror e quem era aquele espectro horrendo.
CAPÍTULO 5
Como em flashes,
memórias ocultas, de um passado sombrio, foram reveladas.
Jennifer
podia ver como ela era na realidade, aquela leprosa magricela, sem nenhum traço
de beleza, mas que desejava ardentemente se tornar uma dançarina.
Jennifer
se lembrou como odiava sua aparência horrível, as lepras que se espalhavam por
seu corpo, a inveja que a consumia dia após dia e foi assim que ela começou a
pegar na biblioteca antigos Grimórios de magia e aprendeu, por si mesma, as
antigas artes das trevas.
Naquela
noite, há sete anos, ela fez uma cerimônia mágica, invocando um antigo espírito
primitivo de sua morada infernal.
Diante
daquela garota leprosa e maltrapilha, um poderoso espírito primitivo veio de
sua morada infernal e indagou num timbre de voz cavernoso e estridente:
Quem
ousa chamar-me a este reino?
E o
que queres de mim pobre e infeliz mortal?
Jennifer, assustada,
porém encantada com a presença daquele ser, levou um tempo para tomar coragem
e, articulando de algumas palavras surdas, pediu ao espírito que lhe concedesse
beleza, sensualidade e fama.
E o espírito antigo,
manifestado como um grande bode negro exalando densa fumaça escura e de olhos
vermelhos como as chamas infernais disse-lhe:
Mesmo
sendo um poderoso Rei que comanda muitas legiões infernais,
eu
não posso mudar o que jaz feito.
Não
posso modificar teu corpo leproso. Ele há de padecer em sofrimento!
Embora
maravilhada com a presença do espírito, Jennifer sentiu-se desapontada,
frustrada por ter estudado durante tanto tempo e aprendido as artes mágicas
para enfim nada conseguir. Mas ela foi persistente e implorou ao espírito que
lhe concedesse seus desejos, do contrário ameaçou destruir seu sigilo e
amaldiçoa-lo.
HaHaHa!...
A risada maléfica explodiu das profundezas do demônio e
ele abriu uma bocarra onde, lá dentro, ardia chamas infernais que lamberam a
face de Jennifer, queimando e fritando sua carne.
CAPÍTULO
6
Vejo
que és destemida, eu aprecio isso.
Se
fizer um pacto comigo leprosa, posso te conceder outro corpo jovem e sexy e
também todas as honrarias, fama e status que deseja.
Foi
assim que Jennifer fez um pacto com o diabo, ofertando-lhe tua alma em troca daquilo
que ela mais desejava.
Enquanto
seu corpo leproso caiu em coma, Jennifer, através de um ritual satânico, teve
sua alma costurada em um novo corpo, expulsando assim o espírito que ali
habitava.
Jennifer
chorava ante as lembranças amargas que ela havia esquecido tão logo trocou de
corpo. Mas suas lágrimas não eram de remorso pelo que fez a outrem, mas sim por
reconhecer que aquela sombra fria à sua frente era a alma da jovem moça que ela
havia expulsado daquele corpo. A alma, que de alguma forma sobrenatural,
conseguiu ressurgir das entranhas do submundo para reaver o corpo que lhe pertencia.
Jennifer
tentou fugir daquela sombra, mas as trevas daquele ser a envolveu, puxando sua
alma com ferocidade e ela pôde sentir os pontos energéticos que costuravam seu
espírito àquele corpo serem rasgados, enquanto sua alma era tragada para a escuridão.
A
escuridão onde todos os dias são negros como a noite.
A
escuridão gélida como o mármore de um túmulo.
A
escuridão com aroma de corpos em decomposição envolveu Jennifer, como se em um
instante não existisse mais nada a não ser aquelas densas trevas.
CAPÍTULO 7
Jennifer acordou, algum
tempo depois, dando-se conta de que estava presa novamente naquele corpo
leproso, deitado em um leito hospitalar.
Pobre
Jennifer, lágrimas rolavam por sua face. A amargura de voltar a ser quem, de
fato ela era, lhe torturava. Ela sabia que precisava sair daquele hospital e
invocar aquele demônio maldito, traidor, para que a ajudasse novamente.
Mas
isso não seria necessário, pois que ela sentiu uma presença tenebrosa ao seu
lado e pôde ver a nefasta presença daquele ser infernal se manifestar no
aposento, exalando aquele peculiar cheiro de cadáveres em decomposição junto a
um não menos horrível odor de enxofre que penetrou pelas narinas de Jennifer
enquanto todo seu corpo se enchia de arrepios diante daquela criatura que
habitava os abismos e masmorras do submundo.
Antes
que Jennifer pudesse falar alguma coisa a entidade disse, em sua voz
amedrontadora:
Seus
7 anos já se passaram, Leprosa! É hora de pagar sua dívida.
Agora
você vai dançar seu funck literalmente no quinto dos infernos.
HaHaHa...
-Nãããããoooooooooo!!! –
Um grito de terror explodiu da boca murcha de Jennifer fazendo seus dentes
podres serem lançados no ar. Já era muito tarde para ela.
O poderoso demônio arrancou sua alma juntamente com seu
corpo astral do seu envólucro de carne leprosa e arrastou-os consigo para os confins do
inferno através de uma fenda escura que surgira no chão.
Jennifer era dessas pessoas que nasceu sob uma estrela
obscura e jamais procurou se melhorar como pessoa, sempre usando sua lepra para
se fazer de vítima enquanto a inveja lhe corroía por dentro.
Ao
aceitar as propostas sujas e inescrupulosas de um demônio, apagando a luz de
outra pessoa para fazer a sua brilhar com mais intensidade, a pobre e miserável
Jennifer acabou por condenar o seu bem mais precioso que é a sua alma.
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