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A FLORESTA MALDITA

 


Escrito por ALLAN FEAR

(Ilustração da capa por: Márcio Rogério Silva)

CAPÍTULO 1

 

-Estou ficando cansada desta viagem.- disse Raquel, sentada inquieta na poltrona da janela.

-Já estamos chegando. Só falta meia-hora.- disse Robert, sentado ao seu lado, tentando acalmá-la.

-Só estamos na estrada há 3 horas e você já está reclamando, Raquel?-

perguntou Rubens, que estava sentado na poltrona da janela, atrás de Raquel.

-Você sabe que não me sinto muito bem quando viajo de ônibus.- resmungou a garota, sentindo-se enjoada.

-Não entendo.- começou Rubens. –Viajar nestes ônibus vip, com poltronas confortáveis, ar condicionado, banheiro, água mineral e lanches deliciosos à vontade. Como você pode se sentir enjoada?

-Nem todo mundo se diverte tanto andando de ônibus, como você, Rubens.- disse Robert, meio impaciente, desejando que a viagem terminasse logo.

Os três jovens, com idade entre 16 e 17 anos, viajavam para a casa dos avós, que fica numa pequena cidade do interior, a 4 horas da cidade onde moram.

-Não estou me sentindo bem.- murmurou Raquel com uma voz esganiçada, o rosto pálido, com suor lhe escorrendo em abundância pela testa.

A garota parecia mal, muito mal.

Com as mãos sobre a boca ela parecia querer segurar o vômito.

Seu estômago embrulhava, à medida em que seu corpo suava frio.

-Nossa, Raquel! Você está realmente passando mal. Quer que eu te leve ao banheiro?- perguntou Robert aflito, enquanto fitava sua prima.

-Isso mesmo, Robert. Não deixe que ela vomite aqui. Leve-a para o banheiro.- gritou Rubens, enquanto fazia uma careta de nojo.

De repente o ônibus parou. A porta da cabine foi aberta, o motorista apareceu e começou a andar pelo corredor estreito do veículo, olhando atentamente para todos os passageiros, até chegar em Raquel.

-É você que está passando mal?- perguntou o motorista, num tom de voz cavernoso, enquanto fitava misteriosamente a garota.

Raquel o olhou surpresa, ainda com uma das mãos sobre a boca e disse:

-Sim. Meu estômago está embrulhando. Acho que vou vomitar.

-Desça do ônibus!- ordenou o motorista num tom de voz agudo e profundo.

-O quê? Mas para que quer que eu desça?- perguntou Raquel confusa, enquanto fitava o misterioso homem parado no corredor do ônibus. Um homem jovem, de cabelo curto e negro, com olhos escuros e sinistros.

-Desça do ônibus!- ordenou ele mais uma vez. Agora num tom de voz alto.

Raquel nada disse. Só ficou olhando-o, espantada.

Seus primos, Robert e Rubens, permaneciam calados, só observando a situação.

-Não vai vomitar no meu ônibus. Desça ou a expulsaremos!- berrou o motorista impacientemente.

-Isso mesmo.- começou Rubens, enquanto se levantava de sua poltrona. –Você está atrapalhando a nossa viagem. Não é galera?

De repente todos se levantaram de suas poltronas e começaram a fitar severamente a pobre garota, que os olhava apavorada.

-Desça do ônibus ou a expulsaremos!- gritaram todos os passageiros ao mesmo tempo.

-Eles têm razão. É melhor você descer, Raquel.- sussurrou Robert.

Raquel estarrecida, sem entender do que se tratava tudo aquilo, hesitou em obedecê-los.

Como loucos ensandecidos, os passageiros, incluindo Robert e Rubens e até o motorista arrancaram Raquel de sua poltrona e a empurraram até atirá-la para fora do ônibus.

A garota fora jogada numa estrada deserta, enterrando sua cara numa poça de lama que estava na estrada.

Em seguida o ônibus seguiu viagem, desaparecendo numa curva a alguns quilômetros.

Raquel começou a gritar desesperadamente, ouvindo os seus gritos apavorados ecoarem por todos os lados. Fora abandonada. Estava perdida. E o que mais lhe doía: seus próprios primos ajudaram nessa loucura abominável.


 

CAPÍTULO 2

 

-Nãããããoooo!!!- o grito animalesco saiu rasgadamente da garganta de Raquel, ecoando por todo o ônibus.

-Raquel. O que foi?- perguntou Robert assustado, enquanto fitava a garota ao seu lado.

Rubens ergueu-se de sua poltrona para ver o que tinha acontecido com a garota.

De repente todos estavam olhando para Raquel, que ao se tocar que tudo fora só um pesadelo, ficou toda sem graça.

-Por que gritou, Raquel?- perguntou-lhe Rubens, enquanto se erguia acima de sua cabeça.

-Me desculpem. Não é nada. Só tive um pesadelo.- disse ela, enquanto respirava fundo. Seu coração ainda batia acelerado dentro do peito e sua roupa estava umedecida pelo suor. O pesadelo realmente fora assustador.

Mas o que Raquel não sabia era que o verdadeiro pesadelo ainda estava por vir.

 


CAPÍTULO 3

 

-Finalmente chegamos.- disse Rubens olhando pela janela. O ônibus estacionava numa pequena rodoviária, onde havia algumas pessoas, trabalhadores e passageiros embarcando e desembarcando. Na pequena rodoviária, só havia mais dois ônibus.

Os três primos desceram do veículo e foram recebidos por outro primo.

-Nossa, Rodney, você está ótimo.- saudou-lhe Raquel, e em seguida o envolveu num caloroso abraço.

-Cara, há quanto tempo a gente não se vê, hein?- disse Robert, enquanto apertava a mão do primo que não via há anos.

Rubens também saudou o primo:

-Pronto pra nos divertimos nessas férias, Rodney?

-Claro. Preciso mesmo me divertir. Tenho estudado e trabalhado muito nesses últimos anos.- disse Rodney com um sorriso estampado no rosto. Estava muito contente em rever os primos.

 

***

Após chegarem na casa dos avós, e conversar bastante, os quatro jovens saíam para dar um passeio.

Eles andavam pelo chão coberto de grama verde e brilhante, cercados de grandes e vistosas árvores. Em sua maioria eram pés de manga.

-É tão lindo aqui. Sentirei saudades quando ir embora.- disse Raquel. Seus olhos fitavam desde a grama a seus pés até as grandes montanhas ao longe.

-É tão tranqüilo.- disse Robert, respirando fundo o ar puro daquele lugar.

-Não vejo a hora de dar uns mergulhos. Onde ficam os lagos?- perguntou ansiosamente Rubens, querendo aproveitar cada momento de suas férias.

-Fica na direção daquela grande rocha.- disse Rodney, apontando um dedo na direção das montanhas um pouco ao longe.

-Não tem um mais perto?- perguntou Raquel, fazendo uma careta. Seria um pouco cansativo subir até lá.

-Tem.- respondeu Rodney –Mas são pequenos e rasos. O que tem lá em cima é ótimo. Vocês vão adorar.

-Rodney. O que tem depois destas montanhas?- perguntou Robert, enquanto subiam a montanha.

-Nem queira saber.- alertou Rodney, apressando seus passos.

-Robert é curioso, vai querer saber o que tem lá. Você vai nos contar não é?- insistiu Raquel alcançando Rodney.

O garoto ficou em silêncio por alguns segundos, limitando-se a caminhar rumo à enorme pedra onde ficava o lago.

-Vamos rapaz, conte-nos o que tem lá!- gritou Rubens.

-Está bem.- começou Rodney, parando um pouco à frente dos demais. –Me contaram que atrás destas montanhas há uma floresta sombria, de névoa densa, com infinitas árvores mortas, que ainda permanecem de pé.

-Vamos até lá. Gostaria de ver como é - sugeriu Robert impacientemente.

-Eu topo. Vamos?- concordou Rubens.

-Eu não sei. Deve ser perigoso ir lá.- alertou-os Raquel.

-A Raquel tem razão. É melhor não irmos até lá.- Rodney concordou com a garota.

-Mas por que não?- perguntou Robert e Rubens ao mesmo tempo.

-Olha, eu ouvi falar que naquela floresta mora um ermitão assassino. Todos que já entraram lá nunca mais foram vistos. Dizem que o ermitão os matou para beber seu sangue.- disse Rodney, sentindo um pouco de medo.

-Ah! Rodney, conta outra.- começou Robert com um sorriso sarcástico estampado no rosto.  –Acredita mesmo que nesta floresta possa haver um ermitão assassino?

-Chega desse papo furado. Vamos agora mesmo para esta floresta. Depois, na volta damos uns mergulhos no lago - decidiu Rubens, enquanto voltava a andar célere.

-É isso aí, cara. E se encontrarmos esse tal ermitão, damos uma surra nele.- gritou alegremente Robert, enquanto acelerava os passos para alcançar Rubens.

-Está bem. Vamos pra floresta!- concordou Rodney meio tenso. Sentindo um calafrio gelado se espalhar por todo o seu corpo.

 


CAPÍTULO 4

 

O sol brilhava intensamente num céu azul, sem nenhuma nuvem. Os quatro jovens subiam a grande montanha, cheia de pequenas e grandes rochas e árvores aos montes por todos os lados. Eles seguiam uma pequena trilha sobre um chão gramado.

Após muito caminhar, eles estavam diante de algo surpreendente: uma floresta de inúmeras árvores secas, que impediam de ver muito adiante.

-Uau! É mesmo fantástica!- exclamou Robert, boquiaberto, enquanto fitava o aglomerado de árvores à sua frente.

-É mesmo fantástico. Agora vamos embora pro lago. Está muito quente por aqui. Quero me refrescar um pouco.- disse Raquel, sentindo a temperatura de seu corpo aumentar ainda mais.

-Nada disso. Vamos entrar aí um pouco.- disse Rubens.

-Eu não sei. Pode ser perigoso. O ermitão...- começou Rodney, mas Robert o interrompeu:

-Pare de ser medroso!

-Mas nosso avô já o viu uma vez na cidade. Ele me disse que ele é um velho grotesco, que nunca corta as unhas, a barba ou os cabelos que ainda lhe restam.- protestou Rodney, meio furioso.

-Acho que é melhor irmos embora - sugeriu Raquel, meio nervosa.

-Vocês são mesmos uns medrosos - começou Robert.

-É mesmo - concordou Rubens – O que um velho ermitão pode fazer contra nós? Velhos são fracos, e enquanto nós somos fortes.

-Está bem. Vamos. Mas não devemos nos separar nem um só minuto - finalmente concordou Rodney.

-Mas...- tentou protestar Raquel, mas viu que seria impossível impedi-los de entrar naquela misteriosa floresta. Robert e Rubens estavam muito excitados com isso. Seria uma boa aventura. Nada de ruim poderia acontecer, certo?

 


CAPÍTULO 5

 

A floresta por dentro era sombria, os raios solares não a penetravam. Os galhos secos das árvores formavam um teto que se estendia por toda a floresta.

A névoa, à medida que os jovens iam caminhando para o interior da floresta, ia ficando mais densa. O ar ia se tornando rarefeito. O dia parecia não existir naquele lugar.

-Vamos voltar. Esse lugar me dá arrepios.- disse Raquel, enquanto andava com os braços cruzados em frente ao peito. Ali era frio, mesmo com todo aquele calor lá fora.

-É realmente sinistro aqui.- disse Robert.

-Onde mora o tal ermitão?- perguntou Rubens.

-Não faço idéia.- respondeu Rodney, num tom de voz baixo, tentando não alertar que estavam ali.

-O que foi isso?- perguntou Raquel assustada, ao ouvir barulhos de passos se aproximarem.

-Eu também escutei. Será o ermitão?- apavorou-se Rodney, parando e olhando atentamente para os lados.

Os jovens ficaram em silencio total. Só olhando atentos para os lados. Mas nada viram ou escutaram durante algum tempo.

Mas de repente ouviram um uivo animalesco, muito próximo, que ecoou por todos os lados.

 

 


CAPÍTULO 6

 

-Hahaha...- Robert começou a rir sarcasticamente.

-Imbecil. Então foi você Robert!- disse Raquel. Estava meio assustada, mas aliviou-se ao saber que o uivo não passou de uma brincadeira maldosa de seu primo.

-Não acredito que caíram nessa.- disse Robert, enquanto ria sarcasticamente.

Mas de repente seus risos foram interrompidos por inúmeros uivos estridentes, de timbres apavorantes.

Os uivos vinham de todos os lados, incessantemente.

-Mas quem ou o quê estão uivando assim?- perguntou Rodney completamente apavorado.

-Talvez sejam lobos.- murmurou Raquel, com a voz trêmula.

-Não existem lobos por aqui.- afirmou Rodney apavorado.

-Vamos dar o fora daqui.- disse Rubens, enquanto sentia seu sangue gelar dentro de suas veias.

Já Robert, não conseguia dizer uma só palavra. Estava pálido. Com seus dentes batendo uns contra os outros descontroladamente.

-Oh! Meu Deus!- gritou Raquel, com a voz rouca, forçando-a a sair de sua boca.

Os outros jovens se viraram rapidamente para trás e viram o que tanto apavorava Raquel: uma criatura enorme, indescritivelmente horrenda.

-Fujam!- gritou Rodney, o mais alto que seus pulmões lhe permitiam.

Completamente apavorados, os jovens começaram a correr, se dividindo em dois grupos: Robert e Rubens para um lado, e Raquel e Rodney para o outro.

Não dava para simplesmente voltar de onde vieram, pois aquela horrenda criatura estava naquela direção.

-Vamos dar a volta e sair daqui.- gritou Robert, enquanto corria ao lado de Rubens.

-Espere! A criatura não está nos perseguindo.- começou Rubens, com a voz ofegante. –Ela foi atrás da Raquel e do Rodney!-

 

 


CAPÍTULO 7

 

Dois gritos de morte, um seguido do outro, ecoaram estridentes pela floresta.

-Oh! Raquel! Rodney!- exclamaram Robert e Rubens. Imaginando o terrível fim que tiveram seus companheiros.

Um momento intenso de silêncio reinou. Os dois garotos só conseguiam ouvir as batidas aceleradas de seus corações.

Pouco depois um, dois, três, até se multiplicarem em infinitos uivos, quebraram o silêncio, vindos de todos os lados.

Um ruído de um galho se quebrando foi ouvido atrás dos rapazes. Ambos se viraram, e com terror nos olhos puderam contemplar uma criatura horripilante, que saía sorrateiramente de trás de uma grossa árvore, a alguns metros de distância.

Ambos ficaram alguns segundos sem conseguir pronunciar palavra alguma, só fitando o maior pesadelos de suas vidas, bem à suas frentes.

-Corra!- murmurou Rubens.

-Ela vai nos pegar.- choramingou Robert ao seu lado.

A criatura os fitava com olhos famintos, a enorme e saliente boca cheia de afiadas presas, estava escancarada, pronta para devorá-los.

A criatura deu um passo à frente. Cuidadosamente os rapazes recuaram um passo.

A criatura continuou a avançar, lentamente.

-Corra! Corra!- gritou Rubens loucamente. Em seguida começou a correr em disparada para seu lado esquerdo. Robert também o fez, indo para o outro lado.

A criatura faminta, não pensou duas vezes, saltou mortalmente contra Rubens. Este não conseguiu esquivar do ataque traiçoeiro, e foi ao chão, com aquela enorme criatura o agarrando pelas costas.

O grito de Rubens ecoava pela floresta, aumentando de intensidade, à medida em que enormes e afiadas presas lhe rasgavam a pele, devorando-a com mordidas famintas.


CAPÍTULO 8

Robert continuava a correr em frente, sem olhar para trás, ou pros lados. Sabia que não havia nada que pudesse fazer para salvar seus primos.

Suas pernas cansadas queriam parar, mas ele as forçava a continuarem. Seus músculos latejavam de dor à medida que corria a toda velocidade que lhe era permitido. No peito, o coração batia disparado, como nunca batera antes. O ar rarefeito dificultava ainda mais sua respiração, à medida que ia se aprofundando naquela floresta sombria.

Robert subia um morro, onde não mais havia tantas árvores, só pedras e um pouco de mato crescente.

Logo avistou no topo de uma pequena colina que estava bem próxima, uma casinha de madeira.

Subiu rapidamente a pequena colina, até a casinha que a encimava. Parou um pouco e olhou pra trás, temendo ver aquela criatura.

Mas ela não o seguiu até ali. “Estou a salvo aqui.” Pensou, um pouco aliviado, mas horrorizado com o que acontecera aos seus primos.

Limpou o suor do rosto na manga da camisa, que também estava molhada de suor, e começou a bater na porta da velha casinha, feita de madeiras velhas. A porta estava trancada.

Ninguém pareceu ouvi-lo bater na porta.

-Tem alguém aí?- perguntou com a voz rouca e trêmula. –Eu preciso de ajuda.

Mas ninguém respondeu. Por certo não tinha ninguém na casa.

Quando se sentia um pouco mais calmo, pôde perceber que estava de noite. O céu encontrava-se coberto por nuvens carregadas, enquanto relâmpagos caíam ao longe, em altas montanhas. Lá de cima podia ver a floresta, a alguns metros, com suas árvores formando um grosso teto, impedindo de ver qualquer coisa lá dentro.

Robert circulou a pequena casa, e achou uma janela da madeira. Verificou e viu que não estava trancada. Abriu-a e entrou.

–Tem alguém aí?- perguntou uma vez mais. Mas como das outras vezes, ninguém respondeu.

A casa, envolvida em trevas, era muito pouco visível, mas ao se acostumar com o escuro, pôde ver que havia dois cômodos. Um se tratava da cozinha, pois tinha panelas  num canto, penduradas na parede, um barril cheio de água, e um fogão a lenha. No outro cômodo, havia um grande baú num canto, algumas bugigangas penduradas na parede, e uma cama de bambu, forrada com tralhas rasgadas e sujas. O lugar tinha um cheiro forte, que se misturava a fumo.

“Alguém deve morar aqui.” Pensou Robert. “Mas quem pode ser?”

De repente ele se lembrou do que lhe dissera Rodney, a história do ermitão assassino que morava naquela floresta. Seu coração voltou a disparar dentro do peito.

Então ouviu a porta, que ficava naquele quarto, abrir. Virou-se para olhar, e só viu algo preto se mover rapidamente em sua direção. Muito próximo de seu rosto, e não viu mais nada. Tudo se escureceu profundamente.

 

 


CAPÍTULO 9

 

Quando despertou, encontrava-se preso, deitado no imundo chão daquela pequena casa. Ergueu a cabeça e viu que não estava sozinho ali. Um velho barbudo, com longos cabelos grisalhos lhe contornando uma calvície. Ele usava roupas sujas, camisa de manga comprida, calça jeans e uma bota de couro marrom. Ele segurava uma grande carabina.

-Oh! Você é o ermitão assassino!- murmurou Robert apavorado.

Mas o velho continuou em silêncio, limitando a fitá-lo bruscamente, com um olhar severo.

-Por favor. Me solte. Várias criaturas atacaram meus primos na floresta. Eu preciso chamar a polícia para tentar resgatá-los.- implorou Robert, enquanto lágrimas lhe escorriam dos olhos apavorados.

Mas o velho continuava em silêncio. Só observando-o.

Robert continuou a implorar para que o ermitão o soltasse, mas não adiantou. Robert agora era seu prisioneiro.

 

 CAPÍTULO 10

Por fim o velho repousou em seu leito e adormeceu. Era a chance que Robert tinha para fugir. Esforçando-se ao máximo ele conseguiu libertar suas mãos daquelas grossas cordas que as prendiam. Desamarrou seus pés e se levantou. “Preciso ser rápido ou estarei morto.” Pensou, sentindo a adrenalina daquela fuga invadir seu corpo. Olhou pra o ermitão adormecido na velha cama de bambu, e avistou sua carabina ao seu lado. Cuidadosamente ele a pegou, caminhou devagar até a porta, e a abriu cautelosamente. Lá fora caía uma chuva fina e silenciosa. “Não tenho outra escolha.” Pensou, ainda parado na porta da pequena casa. “Preciso passar pela floresta e chegar até a cidade.”

Em seguida começou a correr, segurando firmemente a arma, com o dedo no gatilho.

Na floresta a névoa estava ainda mais intensa. De repente começou a escutar aqueles uivos medonhos irem surgindo um a um, até se tornarem inúmeros.

De repente uma criatura surgiu à sua frente, se preparando para atacá-lo.

Quando o enorme e indescritível animal pulou em sua direção, Robert com a arma apontada em sua direção, puxou o gatilho. A criatura caiu aos seus pés, dando seus últimos gemidos. O rapaz continuou a correr, percebendo que mais daquelas horripilantes criaturas o perseguiam. Podia ouvir seus passos rápidos, pisando nas folhas e gravetos secos no chão.

De repente mais uma criatura saltou sobre ele. Mas esta não teve sucesso. Seu salto mal sucedido, a fez chocar-se contra uma árvore. Outra saltou, mas não sobre Robert, e sim à sua frente. Ele apontou-lhe a arma, e quando puxou o gatilho, ouviu o que ele jamais desejaria ouvir: Click!

 

 


CAPÍTULO 11

 

Robert estava sem munição, cercado por criaturas bestiais, que queriam devorar sua suculenta carne.

Desesperadamente ele tentou correr, mas as criaturas pularam sobre ele, derrubando-o no chão. Robert agora era a próxima refeição daquelas criaturas cuja aparência era tão horrível a ponto de ser abominavelmente indescritível.

Na velha casa de madeira, o velho ermitão desperta. Olha assustado para os lados. Não vê sua carabina. Olha mais adiante e vê que a porta está aberta, com várias daquelas criaturas a adentrando.

Indefeso e com o mais escabroso terror tomando cada parte do seu corpo, ele grita horrorizado enquanto a carne de seu corpo serve de banquete para aquelas criaturas famintas.

 







 

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