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SESSÃO DE TORTURA

 


Escrito por ALLAN FEAR

 




Capítulo 1


Momentos depois do pôr do sol, quando o manto negro da noite já cobria a terra com suas sombras, eu, Millo do vale da ventania, caminhava juntamente com meu bando de 8 homens, Brook, o gigante, Stephen, Mark, Geoffrey, Andy, Alex e Martin, este último meu melhor amigo e guerreiro. Todos nós com idades entre 23 a 32 anos.

          Junto a nós naquela noite, estavam Dianeclare e Angeline, duas excelentes guerreiras. Cavalgávamos floresta adentro em busca de carruagens para saquear. A lua no céu brilhava fortemente, mas era preciso o uso de tochas para nós guiar melhor. Íamos cada um em seu cavalo, carregando armas como espadas, machados, facas e bestas.

          Haviam se passado mais de dois dias desde que partimos de nosso vale em busca de ouro para saquear e até o momento nada encontramos pelo caminho, a não ser árvores e montanhas. Não queria voltar de mãos vazias para casa, não naquela noite. Durante os últimos meses tinha sido ruim, nada de muito lucrativo em nossos roubos.

Mas naquela noite fomos muito além dos lugares que já estávamos acostumados a cavalgar.

          -Ei! Olhem!- eu disse num tom de voz baixo, apontando para um declive, onde lá em baixo passava uma carruagem e dois soldados em sua escolta.

          -Parece que desta vez vamos faturar.- disse Brook, sorrindo, com um brilho de felicidade nos olhos.

          -Vamos cercá-los!- ordenei sentindo a adrenalina de um combate invadir-me por completo.

          Cautelosamente os cercamos, nos escondendo atrás das grossas árvores que levavam a estreita estrada de terra. Avancei para eles e gritei a todo pulmão:

          -Rendam-se, chacais!! Vocês estão cercados ou mancharemos esta estrada com seu sangue!

          Mas eles pareciam carregar algo valioso dentro da carruagem, pois mesmo cercados e em menor número, (pois nós éramos dez, enquanto eles apenas cinco, dois na escolta, mais dois à frente da carruagem e um que estava lá dentro).  Um deles, o que estava dentro, ao perceber a emboscada, saiu e veio nos enfrentar, armado com uma besta.

          -O que querem de nós, bárbaros repulsivos?- perguntou o que estava na direção da carruagem e parecia ser o líder.

          –Queremos apenas o ouro que carregam. Entreguem-no para nós e evite que suas cabeças sejam decepadas.- falei em voz alta, ainda montado em meu cavalo, um saudável corcel negro, e com minha espada em punho.

          -Perdem seu tempo! O que levamos aqui não é ouro- começou ele, descendo da carruagem, enquanto os outros permaneciam imóvel, só esperando o momento para dar o bote

          -sobre decepar nossas cabeças... é uma piada não é? Mas saibam que esta piada demente acaba de condenar todos vocês a um destino terrível.- concluiu.

          Suas ameaças não nos intimidavam, o que eles poderiam fazer conosco? Estavam cercados, com três bestas apontadas para seus corações e várias espadas e o demolidor machado de Brook. Este começou a rir:

          -Há há há... Estamos condenados, vermes esqueléticos?- certamente Brook fizera esta pergunta irônica, porque os cinco soldados à nossa frente eram magros.

          Então eles decidiram loucamente nos atacar, o que usava a besta a disparou, acertando a flecha na coxa de Stephen, que também usava uma besta. Atacamos juntos, com Dianeclare e Geoffrey disparando de suas bestas, flechas mortais contra os inimigos.

          Os dois que estavam na escolta foram abatidos pelas flechas, enquanto Martin arrancou, num único golpe, a cabeça do homem que saíra de dentro da carruagem e armava-se de uma besta. Angeline e Mark se encarregaram de ceifar a vida do que estava na carruagem. Enquanto eu me confrontei com o líder, que não era muito ágil e sem muito esforço lhe penetrei a espada no peito, fazendo-o cair no chão. Estavam todos mortos, caídos sobre as folhas podres sobre o solo.

          –Vitória, bravos guerreiros!- gritei triunfando. Sthephen arrancara a flecha de sua coxa, fizera um curativo e estava razoavelmente bem. Quando íamos abrir as portas da carruagem para saquear o suposto ouro que lá estava, o líder destes chacais derrotados disse agonizando:

          -Imbecis... acham mesmo que menti?- ele estava quase morrendo, sua voz era forçada a sair de sua garganta.

          -Você é persistente a ponto de se levantar, depois de Millo lhe ferir mortalmente?- perguntou Martin. O Gigante Brook se voltou para o ferido e disse:

          -Então terei eu mesmo de dar cabo de sua mísera vida chacal?

          -Espere Brook!- disse eu, detendo o gigante de triturar o inimigo com seu machado.        –Do que você está falando chacal?- indaguei fitando-o em seus momentos finais de vida.

          –Saiba, Millo, que você e seu bando acabam de matar os fiéis guerreiros das sombras... dois guerreiros nos perseguiam a uma determinada distância, e o tão logo vocês nos emboscaram, eles foram avisar vossa majestade, Lord Drannor, que certamente deve estar a caminho.

          -Ele está mentindo, Millo. O terror da morte está fazendo-o delirar.- disse Andy sarcasticamente.

          –Vamos matá-lo, Millo.- sugeriu Brook impacientemente.

          -Você fala do terror da morte cavaleiro de longos cabelos dourados?- perguntou o inimigo com um brilho diabólico nos olhos, e continuou sem esperar resposta: -Não diga tolices. O que sinto agora não é nada perto do que os aguardam...

          -Cale-se! - o interrompi -Pare de dizer bobagens.- mas ele continuou a falar:

          -Por que acham que nós, em menor número e completamente cercados os atacamos loucamente? Por que somos loucos? Ou acharíamos que íamos vencê-los? Bem... não. Nada disso. Fizemo-lo pois se fracassássemos em nossa missão, Lord Drannor nos condenaria a destinos mais terríveis que a morte. Saibam que morrer desta forma... é uma alegria. O que carregamos na carruagem não é ouro nem jóias... é... Argh!!!- por fim ele não mais resistira à morte eminente.

 


Capítulo 2


Ficamos alguns tensos minutos em total silêncio, ouvindo o eco de cada palavra que aquele homem dissera.

          -Ora, ora meus caros amigos, o que estamos esperado? Vamos ver o que tem nesta carruagem.- disse Brook com um tom de voz alto,  demonstrando toda sua curiosidade.

          As palavras daquele homem me assustaram. Mas talvez ele só estivesse delirando, como disse Andy. De qualquer forma, íamos saquear o que de valor tinha dentro da carruagem e dar o fora daquele lugar de morte.

          Abrimos a porta da carruagem e no seu interior vimos uma mulher, que estava com pés e mãos amarrados e a boca amordaçada.

          –Tirem-na daí.- ordenei.

          Depois de retirar a mordaça de sua boca, e contemplar por alguns momentos aquele rosto, de belos olhos verdes encantadores, eu lhe perguntei:

          –Quem é você? Por que estes chacais malditos a levavam deste jeito?- ela hesitou um pouco antes de abrir a bela boca e disse-me com palavras suaves e doces com timbre assustado:

          -Eu sou Lady Micarlla, filha do rei dos cavaleiros das sombras, Lord Drannor. Meu pai é um demente repulsivo, depois de abusar de mim inúmeras vezes, se cansou e me vendeu para um gordo chamado Otta, rei da cidade dos rastejantes. Estes chacais, como você disse, eram encarregados de me entregar a este leitão maldito. E vocês, quem são?

          -Somos os ladrões do vale da ventania.- disse-lhe, enquanto a desamarrava.

          –Millo! O chacal não mentiu. Não há ouro algum na carruagem.- Disse Alex, profundamente chateado.

          –É como eu disse. Eles só estavam me levando para Otta.- disse ela e em seguida sorriu para mim, feliz por eu tê-la soltado. Ela parecia não nos temer.

          –Segundo aquele cadáver ali - disse eu apontando para o corpo do último chacal morto. –mais dois homens a cavalo os perseguiam. Isso é verdade?- ela se assustou ao ouvir o que lhe disse, ficou pálida, e seu corpo começou a tremer...

          –Oh! Por Shiva! Eu me esqueci disso. Meu pai sempre manda soldados a espreita para vigiar as carruagens com mercadorias. Se algo acontece, estes dois voltam pra cidade das Sombras e colocam meu pai a par da situação. Precisamos sair daqui, eles devem estar chegando. Estamos em perigo.

 

 


Capítulo 3

 

 Mas o Grande Brook não concordou com a garota e disse com sua voz grossa e potente:

          -Fugir, Micarlla? Que atitude covarde. Nós somos guerreiros destemidos, não temos medo. Caso seu pai vir se vingar pelos chacais que matamos, ele e seus homens terão o mesmo fim.- mas a coragem de Brook não animou a bela Micarlla, que disse:

          -Meu pai se dispõe de um exército enorme de homens... somos apenas onze contra muitos... não temos chance. Por favor! Vamos fugir, Millo. Eu imploro. Fujam e me levam com vocês.

          Mas montarmos nos cavalos e partirmos, quase três horas depois, por dentre inúmeras árvores a nosso redor, começaram a surgir vários homens montados em negros corcéis, todos armados até os dentes, com espadas, machados, lanças, bestas, escudos e outras armas mortais.

          -Oh! Estes são os guerreiros das sombras, comandados por meu pai!- lamentou-se desesperadamente Micarlla na garupa de meu cavalo.

          O medo gelava o sangue em nossas veias. Por todos os lados que olhávamos, surgiam vários soldados em corcéis negros. Um homem barbudo, com armaduras negras e espada em punho, em sua montaria, a alguns metros de nós, disse em voz alta:

          -Vocês, vermes repugnantes, atacaram e mataram cinco de meus homens e se apossaram de minha filha. Saibam que isso é imperdoável. Assim sendo, todos vocês estão presos e serão levados a julgamento. Se tentarem resistir, serão devastados.

          -Não vamos nos render como cães covardes- começou Geoffrey com espada em punho e junto à Alex e Sthephen, este ultimo que mancava pelo ferimento numa das pernas, se aproximaram dele encarando os inimigos. –Lutaremos até a morte se for preciso.- concluiu.

          –Esperem!- Disse-lhes eu em voz alta, mas era tarde para detê-los. Como loucos enfurecidos eles atacaram um bando de sete soldados que se aproximavam. Mas esse ataque fora suicida. Os três guerreiros foram fulminados por flechas e lanças atiradas pelo inimigo.

          Vimos três de nós serem triturados à nossa frente, sem que pudéssemos fazer nada. Seria inútil tentar combater tantos soldados inimigos em um número ainda menor que antes.

          Fomos rendidos e desarmados, em seguida amarrados e levados para a terrível cidade das Sombras. Um lugar do qual já ouvimos falar. Era considerado tão terrível a ponto de ser chamado por alguns de Inferno da dor. Lá, fomos aprisionados em selas de grossas grades de ferro e paredes sólidas, sendo que cada um de nós, exceto Micarlla, ficava em sela separada, uma ao lado da outra, localizada nos calabouços do castelo do rei Drannor.

 

          Durante o final da madrugada eu permaneci calado, pensando no que aconteceria comigo e com meus companheiros. Fomos conduzidos até ali sem qualquer tipo de agressão, mas Geoffrey, Alex e Sthephen foram impiedosamente massacrados, bem à minha frente, sem que eu pudesse fazer absolutamente nada para salvá-los. Sentia remorso e ódio, mas eu sabia que não tinha nada que eu pudesse fazer para salvá-los. Eles foram teimosos, mas morreram sem se render. Um ato de coragem, mas suicida.

          O que mais me preocupava era que Dianeclare e Angeline também estavam presas, à mercê daquele maldito barbudo, o rei Drannor.

          -Chegou a hora do julgamento! Tragam os sete prisioneiros.- disse uma voz grossa, eu a reconheci, era a voz do rei Drannor, ao fim de um corredor.

          Meu sangue gelava dentro das veias, que tipo de julgamento esperava por nós? Então me lembrei do terror nos olhos do soldado, que preferia a morte aos horrores da Cidade das Sombras.

 


 

Capítulo 4


 

Vários soldados, com armaduras pretas, capacetes pontudos e espadas embainhadas, nos tirou de cada sela e conduziu-nos, algemados, até um templo, que consistia numa enorme sala de tribunal, onde nós éramos os réus.

          Fomos sentamos nós sete à frente do juiz, que se identificou como Def, um homem de longos cabelos brancos e lisos.

          Ele ordenou que falássemos os nossos nomes, de onde éramos e quem era o líder. Assim o fizemos, dissemos o nome de cada um de nós; a começar por mim, Millo, o líder dos guerreiros da cidade dos ventos, o gigante Brook, Mark, Andy, meu melhor amigo Martin, e as duas mulheres; Dianeclare e Angeline. Disse-lhe que éramos apenas ladrões.

          -Vou dar minha sentença, uma punição para cada um de vocês, começando pelo gigante chamado Brook!- começou seu veredicto, lendo um grande livro grosso, que tinha o titulo de: Malleus Maleficarum. –Você será condenado a morrer na Serra hoje, ao meio-dia.

          -O quê?- questionou Brook furiosamente.

          –Silêncio, réu!- gritou o juiz. –Eu sou o juiz que julga os que cometem delitos e os contra sua majestade, Lorde Drannor, são punidos com a morte!

        

 


Capítulo 5

 

Vários soldados, que estavam junto ao rei, atrás de nós, tapou nossas bocas com grossas amarras, para que pudéssemos ouvir calados o veredicto do juiz.

          -Obrigado, por fazer este porco se calar.- agradeceu o juiz antes de continuar as sentenças. –O segundo a ser executado será Mark, que morrerá na Roda para despedaçar, hoje ao meia-noite.

          -O terceiro será Andy, que morrerá no Empalamento amanhã, ao meio dia, e a meia-noite será a vez de Dianeclare, condenada a morrer no Berço de Judas.

          -E para finalizar a sentença, no dia seguinte, serão feita as três últimas execuções; ao meio-dia Martin morrerá com o Esmagador de testas e à meia-noite, as últimas execuções, Angeline no Triturador de tripas e o líder Millo, depois de assistir a cada uma dessas mortes perecerá na ilustre Donzela de ferro. E todas estas execuções serão na arena, liberadas para todos assistirem e festejarem. Nosso verdugo, Mr. Devil Torture, ficará encarregado de executar cada uma destas punições. Caso encerrado.- concluiu o juiz, com um sorriso sádico estampado no rosto e batendo seu martelo de ferro sobre a mesa.

          O sentimento de horror e medo que possuía meu corpo era terrível, sem palavras para descrevê-lo. Quanto a meus companheiros, sentia o quanto eles estavam horrorizados. O valente e arrogante Brook estava enlouquecido de ódio, tendo de ser contido por um grupo de quatro soldados.

          Logo chegou a hora, meio-dia, o estádio da arena estava lotado, fomos levados até lá acorrentados e amordaçado, só podíamos assistir a execução de nosso companheiro Brook.

          -Estamos aqui hoje para a primeira das 7 execuções- começou a falar e voz alta o rei Drannor, que estava numa parte alta do estádio, juntamente com sua filha Micarlla, que tinha uma expressão horrorizada. –Este homem chamado Brook, foi condenado, e será executado na Serra.- após o rei concluir, a multidão que lotava o estádio gritava e assobiava, indo ao delírio.

          Impotente, assisti horrorizado a execução de meu companheiro de batalha.

 


 

Capítulo 6

 

Brook foi suspenso, com suas mãos e pés amarrados firmemente em dois grossos ferros cravados no solo, ficando de cabeça para baixo, entre os dois ferros com cerca de 3 metros de altura.

          –Desta forma- começou o rei, -nosso verdugo, Mr. Devil Torture, o serrará ao meio, de cima para baixo, a partir do meio das pernas. E devido à posição invertida que este verme se encontra, assegura-se a oxigenação do cérebro e impede a perda geral de sangue. Ele não perderá a consciência até que a serra alcance o umbigo, ou se ele for mais resistente, até o peito. Agora chega de falatório e que a execução comece.


 ***

 Com total horror, eu e meus companheiros assistimos o verdugo, um homem forte, cujo rosto era escondido por uma máscara negra, serrar o corpo sem roupas de Brook ao meio.           Mas o desgraçado o fazia devagar, provocando um terrível e inigualável sofrimento em Brook, que berrava a todo pulmão, a medida que a enorme serra descia, rasgando lentamente seu corpo. Meu coração parecia querer explodir dentro do meu peito, sentindo uma dor terrível.

          Eu, ali, a poucos metros de Brook, sendo salpicado pelo seu sangue, totalmente preso, vendo-o ser rasgado ao meio impiedosamente e sem poder fazer absolutamente nada para ajudá-lo.

          Mas aquilo era só o começo, todos nós estávamos condenados a execuções terríveis, dia após dia, até que estivéssemos todos mortos.

          Brook era forte, a serra já havia chegado ao seu umbigo e ele continuava vivo, consciente, ainda gritando loucamente, com a voz desgastada, rouca e falhada. Os olhos girando loucamente nas órbitas, o suor minava como água da pele.

          Pouco depois ele se calou, não sei se estava morto ou sem forças para gritar.

          –O porco está morto, Lord Drannor!- disse o verdugo ao examinar Brook. Neste instante a multidão na platéia foi ao delírio, gritando e assobiando loucamente.

          Como eu, meus companheiros estavam horrorizados com aquela covardia.

          Depois da execução de Brook, fomos novamente trancafiados nas prisões pútridas e escuras. Os gritos de Brook não saíam da minha cabeça, assim como visões aterradoras de sua execução.

          O dia passou e ao chegar à meia-noite, fomos novamente levados para aquela arena de morte. Era agora a vez de Mark ser trucidado.

 

 



Capítulo 7


-Boa noite a todos- Começou o rei Drannor de uma parte alta do estádio, na companhia de sua apavorada filha Micarlla, o juiz Def e mais um grupo de 7 soldados fortemente armados. –Agora nosso sádico verdugo Mr. Devil Torture executará mais um desses vermes. Seu nome é Mark e sua execução será na Roda para despedaçar!- ao concluir a frase, todos vibraram, possuídos por uma alegria sádica.        Estávamos sendo massacrados pouco a pouco, sem poder ao menos lutar. Como da vez anterior, estávamos presos, por mordaças e correntes, com vários soldados nos vigiando. Éramos obrigados a assistir as execuções de nossos companheiros, há poucos metros de distância à nossa frente.

          Mark, completamente nu, foi levado por cinco soldados fortes e brutos até a terrível Roda para despedaçar.

          Mark foi esticado de barriga para cima na roda, com os membros estendidos ao máximo e atados a estacas de ferro. Por baixo dos pulsos, cotovelos, joelhos e quadris, colocaram, atravessados, suportes de madeira.      Então o verdugo deu inicio aos violentos golpes com a barra, destroçando todas as articulações e partindo os ossos, mas o chacal evitava dar golpes que pudessem ser mortais.         Isso provocava um verdadeiro paroxismo de dor, levando Mark à total loucura. A sessão de tortura durou uma eternidade. Era horrível, enquanto Mark berrava de dor, a platéia ia ao delírio de tamanha satisfação.

          Meus braços, acorrentados para trás, latejavam de dor à medida em que eu tentava, inutilmente, me libertar. Meu coração batia desenfreado dentro do peito, enquanto uma angústia negra, depressiva, destruía meus nervos e minha razão. Meu estomago embrulhava e parecia dar um nó nas tripas.

          Mas além de sermos privados de qualquer movimento, éramos privados de falar qualquer coisa, pois nossas bocas estavam amordaçadas. Só Mark podia falar, mas a dor que lhe invadia o corpo era terrível demais, ele só conseguia gritar e gritar, até que sua voz não mais saísse de sua boca. O que aconteceu em pouco tempo.

          Depois do despedaçamento, desataram Mark e entrelaçaram-lhe os membros com os raios da grande roda, e o rei Drannor disse: -Deixem o infeliz ainda vivo aí durante toda a noite e tratem de passar pimenta em todas as suas feridas. Se ele for suficientemente persistente a ponto de amanhecer vivo, tratem de decapitá-lo.- mais uma vez a multidão vibrou, enquanto o pobre Mark, ainda consciente, se contorcia, num interminável ciclo de dor.

 ***        

À noite meu sofrimento foi angustiante, na escura e pútrida cela, eu conseguia ouvir os gritos aterradores de Brook e Mark, que zumbiam em minha cabeça, como vozes do além. Um ódio animal crescia dentro de mim, a ponto de me sentir uma besta-fera, incontrolável, sedento por vingança. Mas eu nada poderia fazer.

          Naquele momento eu sabia que Mark ainda poderia estar vivo, sofrendo horrores, e sabendo que só se livraria daquelas dores horríveis, quando morresse. Sua esperança era a morte.

          Mas da forma como ele se encontra, nem suicídio ele poderia cometer. E quanto a Micarlla? Por que sempre a vejo ao lado do rei? Se realmente fosse verdade o que ela me disse, sobre o pai a ter vendido para o leitão da cidade dos Rastejantes, por que diabos ela continuava aqui?

          Eram as poucas perguntas que conseguia fazer a mim mesmo, mas sem achar respostas para nenhuma delas.

A noite se arrastava, caminhando para mais um dia de horrores.


 


Capítulo 8


 

No outro dia, ouvi, logo cedo, um soldado dizer pro outro alegremente:

          -Esses malucos... quatro cidadãos entraram na arena esta madrugada e esquartejaram o infeliz, que ainda estava vivo e implorou por piedade. Sua cabeça foi estourada. Há há há.- naquele momento, todo o meu corpo começou a tremer descontroladamente, esqueci a fome que se agitava em meu estômago, enquanto um ódio terrível se inflamava mais e mais em meu coração.

          O tempo ia passando e era chegado o momento de mais uma execução. Como de costume fomos levados, acorrentados e amordaçados, para a arena das torturas, onde Andy seria cruelmente executado.

          -Hoje será a execução de Andy- começou  Lorde Drannor, desta vez descendo até a arena, enquanto lá em cima, numa parte do estádio, onde era costume ele ficar, estavam o juiz Def, vários soldados e a bela e melancólica Micarlla.

          –Este infeliz sucumbirá no terrível empalamento!- mais uma vez a platéia de sádicos dementes vibrou alucinada, com a certeza de que iriam presenciar mais um show de tortura, dor, morte e horror.

          Então o rei se aproximou de mim e mandou que um dos soldados tirasse as amarras de minha boca.

          -E então Millo? Como é ver seus homens serem massacrados?- perguntou-me ele, fazendo-me sentir o cheiro de seu hálito azedo penetrar por minha narina.

          –Seu bastardo, pare com essa covardia e lute com honra.- era minha oportunidade de falar, então não parei por aí –Esses homens que está massacrando têm mulheres e filhos. Você não se importa? Também nós nem lhe roubamos nada, apenas matamos seu homens porque eles nos atacaram como loucos suicidas.- ao ouvir minhas palavras o rei pôs-se a me fitar nos olhos por alguns segundos e disse finalmente:

          -Tolo. Não vê que estas torturas nos divertem muito? Por que eu me importaria com mulheres e filhos destes porcos malditos? Eu, o rei da cidade das Sombras, Lorde Drannor. Vidas vêm e vão a todo instante. Para quê se preocupar com uma coisa tão banal? Agora chega de falar, amordacem este verme e comece a execução.

          Começou então a sessão de tortura. Andy completamente nu, foi deitado de bruços e o verdugo enfiou-lhe no ânus uma estaca suficientemente longa para transfixar o corpo no sentido longitudinal. A estaca era introduzida no corpo de Andy a golpes de marreta, enquanto ele gritava, sentindo dores insuportáveis.

          Em seguida, o verdugo, com ajuda de alguns soldados, plantava a estaca no chão, deixando que a força da gravidade se encarregasse do resto. O corpo de Andy era puxado para baixo, enquanto a afiada estaca rasgava lentamente suas entranhas, fazendo seu sangue jorrar.

          –Por favor me tirem daqui. Eu imploro pelo amor dos Deuses.- implorava Andy aos gritos incontidos, enquanto a platéia vibrava.

          O corpo de Andy era pesado e ia descendo sobre a estaca. Assim foi durante horas, enquanto ele gritava e implorava por piedade, a estaca ia lhe rasgando por dentro e ao longo de alguns minutos ele se calou.

          –O porco acaba de morrer!- falou o verdugo, terminado de puxar o corpo de Andy para o solo, fazendo a estaca transpassar sua cabeça.         

         


Capítulo 9

 

O tempo passou, se arrastando como um maldito verme, lento e constante. Era indizível o que eu sentia. Palavra nenhuma seria adequada para expressar aquele misto de ódio visceral com repulsa hedionda do mais assombroso horror.

          -Nesta noite- começou o rei quando a meia-noite chegou–executaremos uma mulher. Seu nome é Dianeclare, aliada destes ladrões, que será executada no terrível Berço de Judas!- o fanatismo na platéia era supremo.

          Porém desta vez não vi Micarlla com o rei e os outros, onde estaria ela?

          –Não façam isso comigo, por favor.- implorava Dianaclare, totalmente histérica e apavorada. Mas o rei jamais a ouviria. O cenário da tortura já estava pronto.

          A jovem Dianeclare foi suspensa por cordas amarradas em seu corpo completamente nu, sobre uma espécie de pirâmide de ponta afiada, que atingiria seu ânus e vagina a medida que fosse erguida e soltada.

           Então o verdugo começou a tortura covarde e desleal, erguendo e soltando a pobre moça, controlando a velocidade em que seu corpo descia sobre a ponta, ora devagar ora mais rapidamente.

          O maldito não se limitava a isso, ele a suspendia no ar e a deixava cair pesadamente sobre a ponta, rasgando sua pele, mutilando sua vagina, ânus e nádegas, de forma frenética, intensa, como se fizesse um exercício.

          –Pelo amor dos Deuses! Alguém me tire daqui. Por favor!- implorava inutilmente Dianeclare, uma valente guerreira que, imobilizada, torturada selvagemente, parecia uma garotinha assustada.

          Seu lindo e tonificado corpo era destruído pela ponta afiada da pirâmide. A tortura durou horas, até sua parte final, quando o verdugo, a mando do rei, puxou o corpo de Dianeclre com extrema força, fazendo-o descer por toda a pirâmide e se rasgar de baixo para cima, com seus órgãos se espalhando por todos os lados.

          Naquele momento, engoli meu próprio vômito, pois minha boca permanecia amordaçada. A cena era impressionante, algo abominável demais.

         ***

          Agora restavam apenas eu, Martin e Angeline, para sermos torturados no dia seguinte.

          Mas desta vez, fomos os 3 trancafiados na mesma sela, não por compaixão do rei, mas, creio eu,  para ficarmos uns com os outros por algumas horas, sabendo que logo um por um seriamos torturados e mortos.

          Imagine você, passando alguns momentos com seus amigos sabendo que eles serão terrivelmente mortos, e você será o próximo. É terrível demais para um ser humano agüentar tamanha crueldade.

          Passamos a noite nos entreolhando, amordaçados e presos. Nossos olhos cheios de lágrimas, que desciam queimando nossa face. As algemas de ferro tão bem presas as paredes impediam qualquer tentativa de fuga.

          Sentia meu corpo sofrer com a fome e desidratar. Em dez e dez minutos guardas da rondam vinham nos ver, saber se ainda estávamos vivos para a próxima sessão de tortura.     

          A noite se arrastava para o dia de minha morte!

 


 

Capítulo 10


         

No outro dia, acreditávamos que já passara do meio-dia, mas nada de aparecerem os soldados para nos buscar para as execuções.    Estávamos tensos, sentindo o forte calor úmido que fazia.

          Estávamos enfraquecidos por falta de alimentação, mas disposto a lutar com as últimas forças que nos restavam para matar os soldados que tentassem nos buscar. Mas eles não apareceram. Temia que estivéssemos nos enganando com relação às horas, pois se fosse assim, a qualquer momento eles viriam. Mesmo que estivéssemos tomados por ódio, eu não queria me enganar. Sabia que jamais poderíamos vencê-los naquelas condições.   Então, para nosso horror surgiu um grupo de 6 soldados monstruosamente fortes e atrás deles, estava o verdugo, com a tradicional máscara preta, e desta vez com longas roupas negras por cima da armadura.

          -Levem os 3 para a prisão de pedra.- ordenou o verdugo, com uma voz estranha, como se a forçasse a ficar rouca, na verdade era mais um sussurro. Os soldados entraram na sela em que estávamos, tentamos combatê-los, mas foi inútil. Eles estavam em maior número, e com suas forças revigoradas, o oposto de nós. Sendo assim fomos facilmente dominados. Dois soldados para cada um de nós, nos conduziam a parte de trás do castelo onde, por uma espécie de passagem secreta, subimos escadas longas até chegarmos num grande aposento, que de modo algum parecia uma prisão de pedras, como dissera o verdugo, e sim um aconchegante e aquecido quarto.

          -Desculpe-me por assustá-los desta forma- começou o verdugo, depois que entregou aos soldados sacos de moedas e eles haverem deixado o recinto. Mas a voz do verdugo era feminina e reconheci seu timbre. -Era a única maneira de tirá-los daquela sela sem correr riscos de parecer uma fuga.- então o verdugo retirou a máscara negra e as longas roupas pretas e revelou-se. Era Micarlla.

 

 


Capítulo 11


–Vocês precisam se alimentar. Sirvam-se à vontade.- disse-nos Micarlla, levando-nos para outro aposento onde tinha uma grande mesa com muita comida.

          -Enquanto comem e bebem, vou lhes deixar a par da situação.- começou Micarlla meio nervosa e excitada.

          –Hoje cedo meu pai, juntamente com a maioria de seus homens, foi para a cidade de Asgoitte, ao norte, com a missão de tomá-la e, como de costume, trazer mais homens, mulheres e crianças pra execuções. Enviei na madrugada de ontem, enquanto executavam a amiga de vocês, um de meus soldados particulares, com a missão de avisar o imperador de Asgoitte do ataque surpresa de meu pai. Sendo assim, eles já estariam preparados para o ataque e grande parte do exército de meu pai, se não todos, poderiam ser massacrados.

          -Como até agora não retornaram, isso já pode ter acontecido. Sobre seus amigos que foram executados, eu sinto muito. Mas se eu tentasse ajudá-los antes, poderia pôr tudo a perder. Mas apesar de todas essas desgraças, a sorte finalmente nos ajuda, pois o confronto entre meu pai e o rei de Asgoitte, aconteceu mais cedo do se esperava e o velho decidira me mandar para Otta só quando acabassem de executar todos vocês.

          Acabando minha faminta refeição, perguntei a Micarlla: -Mas o que você propõe? Devemos fugir novamente?- ela me olhou com um brilho diabólico nos olhos e disse:

          -Não, meu caro Millo. Desta vez vamos lutar com todas as forças e massacrar o que sobrar de meu pai e seu exército.- Micarlla nos devolveu nossas armaduras e armas apreendidas pelo rei, para que vingássemos nossos amigos mortos, em combates mortais.

          -E quanto ao verdugo e o juiz, onde eles estão?- perguntei terminando de vestir a armadura.

          –Como os outros, eles não passam de soldados de Drannor e sendo assim, eles foram para o confronto contra os soldados de Asgoitte. Mas comprei um dos capitães mercenários da guarda para que me ajudasse a retirá-los de lá, passei-me de verdugo para não levantar suspeita com seus homens e consequentemente fofocas que poderiam arruinar meus planos.

          Martin se aproximou de mim e disse:

          -Millo, sei que todos queremos matar esses desgraçados, mas deixe o verdugo comigo. Micarlla, diga-me como faço para reconhecê-lo sem a máscara.- Micarlla o olhou nos olhos e disse-lhe:

          -Apenas o rei, o juiz e eu sabemos quem é o verdugo por trás daquela máscara negra. Ele é um careca de olhos azuis, com uma cara de doente mental. Quando você o ver, vai saber quem é. Mas agora, eu ordeno, arranquem a cabeça de todos os subordinados do rei Drannor, que estão no castelo.

          Olhei para ela, sorri e disse-lhe, sentindo a cólera da vingança percorrer junto com o sangue em minhas veias: -Acataremos com honra, essa ordem vinda de você, minha rainha.

          -Meu ódio é tanto que quero esquartejar estes chacais.- disse furiosamente Angeline, deixando seu ódio a dominá-la.

          Micarlla nos deu a dica de onde teríamos que ir para matar os soldados em seus postos  e assim o fizemos, sem piedade, saciando nossa sede de vingança, esquartejando cada chacal repulsivo que íamos encontrando pela frente.          Surpreendíamos todos, sem dar-lhes a menor chance de reação. Eu, Martin, Angeline e Micarlla tivemos êxito em nossa primeira missão.

          Após devastar todos os soldados que protegiam o castelo, que não eram mais que 20 homens, estávamos, cada um em seu posto, prontos para combater o rei, se é que ele voltaria vivo, e o que sobrasse de seu exército de cães.

          Logo, o homem que Micarlla enviara para contar aos Asgoittes sobre o ataque surpresa do rei Drannor chegou, montado num belo corcel amarronzado.

          –Vossa majestade Micarlla- começou o soldado descendo de sua montaria. –Lorde Drannor, teve quase todo o seu exército massacrado. Mas ele, juntamente com mais quatro homens, entre eles o juiz Def, conseguiram escapar e estão vindo.

          Éramos agora, com a ajuda do capitão mercenário e o soldado de Micarlla, seis guerreiros para confrontar Lord Drannor e seus súditos.

          Movidos pelo puro ódio de vingança, esperamos, com nossas armas em punho, os chacais miseráveis chegarem para o confronto final.  

 

 


Capítulo 12

 

Alguns minutos se passaram então Lord Drannor e seus últimos aliados, adentraram os portões de seu castelo, onde nós os aguardávamos.

          Ele evidentemente teve um choque ao nos ver, usando armaduras, escudos e espadas.

          –O quê? Mas como vocês se soltaram?- indagou o rei, enquanto de imediato sacou sua espada.

          –Seu reinado de terror acabou, papai.- disse Micarlla, com sua espada apontada na direção do rei, que estava ofegante, e com a testa vermelha, pingando suor.

          –Então era o que eu temia; Há de fato um traidor entre nós. Você sabe o que faço com traidores, não é? Embora seja minha filha, sabe que não a pouparei.

          Dei um passo na direção do rei e disse-lhe com ódio:

          -Seu imbecil, filho de mil pais! Você não consegue ver que foi derrotado?- ele me olhou com aqueles olhos negros e dotados de ódio e perguntou:

          -Do que você está falando cão?- o rei estava tenso, com um ar de preocupação ao seu redor.

          –De seus homens, só lhe restam estes 4 chacais- disse apontando para os homens que estavam junto ao rei. –todos os outros que faziam a proteção do castelo estão mortos!- o rei rugiu como um animal e ordenou para seus quatro soldados:

          -Não temos muito tempo, logo os cães de Asgoitte estarão aqui, mas antes disso, eu, como o rei da cidade das Sombras lhes ordeno:        -Matem esses malditos e pendurem suas  cabeças pelo castelo. Mas não matem Micarlla, tenho planos para ela.

          -Millo, Martin, Angeline, eu lhes dou uma ordem: saiam agora mesmo deste castelo.- começou Micarlla com uma expressão séria e autoritária.

          –Mas Micarla...- comecei eu, mas ela me interrompeu, dizendo:

          -Sei que querem se vingar destes homens, mas esta missão é minha. Agora vão embora!- mas o rei parecia não concordar com essa decisão e disse:

          -Estes porcos não vão a parte alguma. Eu sou o rei por aqui e decido que eles sejam mortos.

          -Está bem Micarlla- comecei a dizer, olhando-a com um olhar melancólico e profundo. –Deixarem-na confrontar seu pai da forma que deseja, mas não iremos embora até que ele e seus soldados estejam mortos.- ela concordou, acenando com a cabeça positivamente.

          Os combates começaram. Eram os dois soldados e Micarlla de um lado contra Lorde Drannor e seus quatro soldados do outro lado.

          Eu acreditava que Micarlla venceria  esta luta. Ela optou por confrontar sozinha o seu próprio pai, enquanto seus soldados combatiam os subordinados do rei.

          –Millo.- disse Angeline. –Não podemos ficar parados aqui. Eu quero me vingar da morte de Brook e dos outros. Você não?

          Detive-me de responder por alguns segundos, olhando atentamente as batalhas à nossa frente e por fim disse-lhe:

          -Eu desejo muito me vingar, mas devemos obedecer à vontade de Micarlla.- Martin me olhou e disse tristemente:

          -Eu entendo sua decisão Millo, mas se não lutarmos para vingar a morte de nossos amigos, eu terei a impressão de que não fui um homem de verdade. Não depois de presenciar toda aquela atrocidade. O rei deve morrer, mas por nossas espadas entrando por suas entranhas! 

          Voltei-me para ele, emocionado as palavras ouvidas e disse:

          -Martin... você é, sem dúvida, o meu melhor guerreiro, mas tente entender...- então gritos de dor e o ruído de ossos se partindo ecoou no ar. Virei-me para as batalhas e vi os fortes e grandes soldados de Micarlla serem despedaçados a golpes impiedosos de espadas.

          –Oh! Pelos Deuses do Olimpo! Os chacais de Drannor estão devastando os soldados de Mi...- antes de completar esta frase, olhei mais adiante e vi Lord Drannor dando uma gravata em Micarlla, com sua espada em seu pescoço.

          –Martin, Angeline, ataquem com todas as suas forças e matem estes chacais.- disse autoritariamente. Mas agora só restavam 2 subordinados do rei. Eram eles: o juiz Def e um careca de olhos azuis, com cara de retardado, certamente o verdugo. Os outros subordinados do rei, se encontravam estirados no chão, com suas cabeças decepadas, assim como os soldados de Micarlla. 

          Enquanto Martin travava uma árdua luta contra o verdugo, Angeline confrontava o juiz. Eu corri até o rei, que segurava Micarlla.

          –Largue-a, seu covarde.- comecei, me aproximando do rei, com espada em punho e olhar fixo a cada movimento que ele dava.        

          –Não use-a como um escudo para protegê-lo, seja um homem e lute comigo.

          Mas ele não era um homem de honra, e sim um covarde.

          –Solte sua espada Millo, ou arranco a cabeça desta vagabunda.- disse ele seriamente.

          –Não Millo. Não faça o que ele diz.- começou Micarlla com os olhos se enchendo de lágrimas. –Eu fracassei, mas você pode pôr um fim...- vendo que ela estava me convencendo de que não deveria me render ao rei, ele tampou sua boca, mas ela tentou resistir, tentando escapar dos fortes braços que a prendiam.

          –É agora!- disse a mim mesmo, me preparando para atacar, então Micarlla conseguiu escapar dos braços do rei, era minha chance de matá-lo, mas ele foi rápido e esperto, e num golpe certeiro sua espada arrancou a cabeça de Micarlla, que tentava sacar uma adaga que estava em sua cintura. Não conseguia acreditar em tamanha habilidade do rei. Eu o subestimara. O corpo da bela jovem tombou sobre o chão, sua cabeça rolou alguns metros de distância e parou. Seus olhos sem vida olham tristemente para mim.

 

 


 

Capítulo 13


 

–Oh! Pelos dragões de Izuttu!- disse Angeline, se aproximando de mim, juntamente com Martin. Ambos tinham as espadas banhadas em sangue, ainda fresco. Os corpos do juiz e do verdugo estavam estirados no chão, totalmente mutilados e ensangüentados.

          -Desgraçado seja, Lorde Drannor! Matou a própria filha mesmo estando errado.- manifestou-se Martin, cheio de ódio e fúria.

          –Millo.- disse Angeline num tom de voz profundo e melancólico.

          –Ouçam meus amigos e companheiros- comecei, enquanto Lord Drannor, à nossa frente, permanecia parado, limitando a nos observar atentamente. –Eu sei que não há a menor honra quando três guerreiros unem forças para confrontar um só oponente, mas neste caso eu não posso deixá-los de fora. Este homem à nossa frente massacrou nossos companheiros e agora assassinou sua própria filha covardemente- antes que pudesse continuar Martin me interrompeu:

          -Mas Millo...- mas antes que Martin pudesse continuar, continuei eu:

          -Lembrem-se, meus amigos, de que nos adianta honra se já perdemos tudo mesmo, agora só nos resta vingar nossos amigos.

          –O que é a honra de guerreiro perto do alívio que teremos quanto este cão estiver morto e nossa sede de vingança for saciada?- o rei franziu as grossas sobrancelhas e disse:

          -Então os três acham que são adversários para mim? Ora, ora, não me façam rir. Agora chega deste falatório e ataquem-me, seus dementes insolentes.

          -Antes disso- comecei a falar, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas, que vieram a escorrer por minha face.

          –O quê?! Quer me dizer mais alguma coisa seu lixo imundo?- perguntou o rei surpreso.

           -Lord Drannor, nós lhe atacaremos sem a menor piedade, vai se arrepender de todas as torturas que ordenou.

           Assim que concluí minha frase, Lord Drannor iniciou seus ataques ofensivos contra nós. Sua habilidade com a espada era notável.           Nossos golpes, que seriam mortais para outros guerreiros, eram sabiamente defendidos por Drannor. Mesmo em três não conseguíamos acertá-lo. A luta permaneceu por alguns segundos em pé de igualdade, até que os golpes do rei começaram a nos acertar, um a um.        

          Primeiro no braço esquerdo de Angeline, quando esta tentou decapitá-lo num ousado salto. Depois foi a vez de Martin se ferir, com um golpe de espada que lhe arranhou o rosto, abaixo do olho esquerdo. O terceiro golpe de Drannor atingiu meu peito, perfurando minha armadura. Um corte não muito profundo, mas quase mortal, se não fosse por Martin conter a potência do golpe, usando sua espada contra a espada do rei.

          Mas à medida em que o rei nos retalhava, enchendo nossos corpos com pequenos e grandes cortes, não contemos nossos ataques.

          Num salto inacreditável, Lord Drannor, conseguiu desferir dois golpes com enorme sucesso, atingindo-me com um feroz chute no peito, fazendo-me cair de costas no chão e em seguida rasgou o peito de Martin, abrindo uma enorme fenda em sua armadura. Martin caiu ferido no chão, enquanto muito sangue lhe escorria do peito.

          Então Drannor começou a confrontar Angeline, fazendo-a recuar a cada golpe, até que sua espada fosse arrancada de suas mãos violentamente, depois de se chocar contra a espada do rei. Ele ia matá-la, mas fui rápido, me levantei e o confrontei. Martin usou sua espada, arremessando-a contra o rei, que ao defender-se dela, abaixou sua guarda, momento exato em que lhe arranquei o braço direito com minha espada. Ele berrou de dor, vendo o seu braço caído no chão.

          –Não pouparemos você de uma morte horrível, seu miserável.- disse ao rei, enquanto Martin e Angeline se a mim,  ao  redor do sovina.

          Mas ele nos atacou loucamente, com fortíssimos golpes de espadas. Mesmo com apenas um braço ele era muito habilidoso. Continuamos os ataques até que ele tombasse. Nós conseguimos arrancar-lhe sua espada. Ele estava indefeso. Mas não o perdoamos. Insanamente desferimos golpes com as espadas, ao mesmo tempo, retalhando e mutilando todo o seu corpo.

          Enquanto que as espadas de Angeline Martin estavam espetadas no peito do rei eu decepei sua cabeça num golpe perfeito.

          A cabeça de Drannor voou, ejaculando sangue e cuspindo ameaças e maldiçoes silenciosamente enquanto seus lábios se contorciam.

 

 


Capítulo 14


–Vencemos.- gritei, enquanto uma guisa de triunfo me inundava o sangue.

          Martin estava muito ferido, o ferimento em seu peito o fazia gemer de dor. Angeline, por sua vez, estava com o corpo cheio de cortes, assim como eu. A luta nos deixara exaustos.

          Enquanto nos apoiávamos uns aos outros para nos dirigirmos aos aposentos do castelo, para cuidar de nossos ferimentos.

 ***

Embora tivéssemos derrotado o Rei Drannor e seus chacais malditos, nós perdemos. Martin, Angeline e eu, havíamos destruído nosso lado humano.

          Nosso pior inimigo não era humano, e não havia como feri-lo e nem matá-lo. Nosso inimigo era o horror indescritível que se apossou de nossas mentes, nos torturando e nos aterrorizando a cada dia e noite, sempre nos fazendo lembrar, ver, sentir e escutar as horríveis mortes de nossos companheiros. Visões macabras de um passado sombrio, que para sempre, irão nos submeter a mais horrível e absurda sessão de tortura.                       

    




 

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